Entendendo a crise fiscal em Campos dos Goytacazes
O entendimento sobre gastos em investimento como
critério de eficiência na execução orçamentária municipal, permite uma análise mais
profunda da trajetória financeira dos municípios no estádio do Rio de Janeiro.
Consideramos os municípios líderes das microrregiões e identificamos que no
período de 2002 a 2016, Campos dos Goytacazes apresentou o melhor resultado do
estado. Com uma média nominal de 16,89% de investimento em relação as receitas
correntes nos últimos quinze anos, superou a média de 14,10% da alocação feita
pelo Rio de Janeiro.
Observamos ainda nesses quinze anos, um forte coeficiente
de correlação de 0,855650185 entre
receitas correntes e investimento público no município. De 2002 a 2009, período
de evolução das rendas petrolíferas, o coeficiente de correlação apurado foi de
0,763265106. Já no período de 2009 a 2016, onde se verificou declínio da
participação relativa na produção de petróleo da Bacia de Campos em relação a produção
no país, o coeficiente de correlação de 0,732789926 ficou levemente abaixo do período
anterior, porém ainda consistente. O Rio de Janeiro apresentou um forte coeficiente
de correlação de 0,9183344982 entre receitas correntes e investimento. O
gráfico a seguir apresenta a evolução das receitas correntes, despesas correntes
e investimento público no período de 2002 a 2016.
Apesar do bom resultado no contexto
global, podemos verificar pelo gráfico que o município não considerou possíveis
dificuldades com as rendas petrolíferas. Em 2009 a participação relativa da
produção de petróleo da Bacia de Campos atingiu o pico de 87% da produção
nacional, declinando gradativamente até chegar em tordo de 65% em 2016.
Podemos verificar que em 2013, enquanto
as receitas correntes mantem o patamar de 2012, as despesas correntes crescem,
fato que se repete em 2014. Em 2015 podemos observar uma queda mais acentuada
de 26,8% nas receitas correntes, contra uma queda de 13,7% nas despesas
correntes. Finalmente, em 2016 enquanto as receitas correntes caem 13,4% as
despesas correntes sobem 23,2% em relação ao na anterior. Assim podemos inferir
o governo pecou por não entender a dinâmica do setor de petróleo eu culminou
com a queda do preço pela metade no segundo semestre de 2014. A falta de
atenção e a ausência de planejamento foram crucias na construção da crise
financeira de Campos dos Goytacazes, apesar do comprometimento com o
investimento público ao longo de todo o período. O gráfico a seguir, apresenta
a trajetória da relação percentual das despesas correntes nas receitas
correntes.
Vejam que que a participação das despesas
correntes em relação as receitas correntes evoluem fortemente a partir de 2013.
Em 2015 alcança 99,67% e em 2016 chega a 141,78%. Uma situação altamente
complexa herdada pelo governo atual, que precisa agir estrategicamente ou terá
dificuldades para equilibrar as finanças do município.
Os dados são da STN, TCERJ e Transparência municipal.
Os dados são da STN, TCERJ e Transparência municipal.
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