Comércio enfrenta dificuldades e demite no Estado e em Campos
Mais de 9 mil demissões no estado do Rio
Os dados de geração de emprego em janeiro e fevereiro de 2024 apontam uma desaceleração no já fragilizado setor do comércio. Dados recentes do Ministério do Trabalho compilados pelo Núcleo de Pesquisa Econômica do Estado do Rio de Janeiro (Nuperj) revelam que, embora tenha havido a criação de 1.344 vagas formais em janeiro e 17.672 em fevereiro no Estado do Rio de Janeiro, o número de demissões do comércio superou o de admissões. No estado, o setor, que desligou 7.148 pessoas em janeiro, continuou em queda e eliminou mais 2.045 postos de trabalho em fevereiro. Em Campos, o saldo negativo dos dois meses foi de 348 vagas.
“Os dados de janeiro mostram uma desaceleração de uma atividade econômica do Estado que já vem se fragilizando há algum tempo, não é uma coisa pontual. Isso tem esse reflexo no emprego. O Brasil gerou 180 mil empregos, o Rio de Janeiro somente 1.344, o que representa menos de 1%”, afirmou o economista Alcimar Chagas. A situação foi um pouco melhor em fevereiro, com o estado representando cerca de 5% do saldo nacional.
Campos terminou o mês com saldo positivo de 540 vagas, puxado principalmente pelo setor de serviços, que proporcionou um aumento de 703 contratações. Outros setores que apresentaram crescimento em fevereiro foram a agropecuária, com oito vagas a mais, e a construção civil com cinco vagas. O comércio na cidade eliminou 137 postos de trabalho e a indústria, outras 37. O economista destaca, no entanto, que esse aumento de vagas no setor de serviços não tem pontos só positivos. “É um emprego que realmente tem baixa remuneração, baixo teor tecnológico. O comércio mesmo perdeu o emprego também, mostrando a fragilidade da economia como um todo”, destaca o economista.
Vendas em dezembro foram abaixo das expectativas
O boletim Nuperj com dados de dezembro indica que o volume de vendas no estado do Rio de Janeiro cresceu 1,0% em dezembro com base no mês anterior. Em relação ao mesmo mês do ano precedente (2022), foi registrada uma queda de 0,7%, acumulando uma queda de 0,3% no período de janeiro a dezembro de 2023. De acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (ACIC), o empresário Fernando Loureiro, as vendas registradas no comércio varejista, em dezembro passado, ficaram abaixo das expectativas de boa parte dos comerciantes campistas, de uma forma geral, como na área central e da Avenida Pelinca. “Acreditamos que os empresários estão tentando se reerguer com o fim da pandemia da Covid-19 e outros aspectos econômicos. Fatores que contribuíram negativamente para aquecer as compras e vendas”, explicou Loureiro.
O setor enfrenta ainda outros desafios. “A situação econômica do Brasil em um primeiro olhar pode sugerir uma maior vitalidade, a partir de investimentos com pouca prudência fiscal. Isso, em médio prazo, nos sugere uma insegurança fiscal, pois a conta tende a não fechar, e, como já vimos na história, resulta em aumento de impostos para tapar os buracos. Ao mesmo tempo em que vemos com bons olhos a aprovação pelo Congresso na reforma fiscal, estamos preocupados porque ela ainda não foi regulamentada. Existe uma tendência de que essa reforma priorize mais em um aumento da arrecadação do que na diminuição da carga tributária, que já chegou ao limite”, afirmou José Francisco Rodrigues, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campos.
Aposta na Indústria para dinamizar economia
Alcimar Chagas aponta a necessidade de políticas e estratégias que possam estimular a criação de empregos e impulsionar a atividade econômica, sobretudo no setor industrial. Para a Federação da Indústria do Estado do Rio de Janeiro, núcleo Norte Fluminense, o principal desafio da indústria da região é melhorar a infraestrutura de acesso às cidades. “Campos tem um enorme potencial logístico e já conta com um grande rol de serviços capazes de atrair trabalhadores e empresas dos grandes centros comerciais. Macaé possui um ecossistema consolidado no mercado de Petróleo e Gás que é único no país, e o Porto do Açu, em São João da Barra, conta com uma enorme gama de projetos de energia renovável. Com a Estrada de Ferro 118 e novos acessos rodoviários, poderemos diversificar a economia atraindo fábricas que busquem explorar todas essas potencialidades. Um exemplo é a fabricação de equipamentos para geração de energia eólica offshore, que poderão ser utilizados tanto na nossa costa, quanto em outros locais do país e até do exterior”, disse o presidente da Firjan Norte Fluminense, Francisco Roberto de Siqueira.
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