A trajetória de uma rica atividade que se transforma em maldição
A
riqueza gerada pela cadeia produtiva de petróleo no Rio de Janeiro apresenta
uma natureza especifica, onde a população emerge como perdedora de fato. O resultado
das atividades Upstream (exploração e produção de óleo) e Downstream
(atividades de transporte, refino, distribuição e comercialização) é o PIB setorial
conceituado como a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no ano.
Este valor é a base para o investimento e os gastos no estado e nos municípios,
especialmente, os enquadrados como produtores de petróleo.
O
que realça nesta questão são os orçamentos públicos potencializados pelas
rendas petrolíferas, onde os munícipios produtores ampliam a sua estrutura de
gastos em custeio, ignorando o investimento por conta da fragilidade técnica em
seus quadros. Ignoram ainda, a natureza finita das mesmas rendas.
Contudo,
o que não é tão claro aos olhos dos gestores é que na formação da cadeia
produtiva do petróleo, em torno de 70% do fornecimento (equipamentos e serviços
utilizados) são adquiridos de fornecedores externos ao estado (Brasil e
exterior). Desta forma, o Valor Adicionado internamente representa em torno de
1/3 do valor da riqueza gerada.
Consequentemente
o valor adicionado internamente, caracterizado pelas remunerações dos fatores
de produção (trabalho, juro, aluguel e lucro), especialmente no caso dos municípios
produtores, não é totalmente fixado. Dado a especialização das atividades e a fragilidade
de absorção das externalidades positivas desses municípios, parte importante do
valor adicionado foge para regiões com maior capacidade competitiva.
Conclusivamente,
podemos observar que do valor final da atividade setorial somente 30% é adicionado
internamente. A ampliação do problema chega a frágil capacidade de absorção das
externalidades desses locais, que permitem a fuga de importante parcela dos
recursos para regiões com maior capacidade competitiva.
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