O crescimento do PIB no contexto da evolução dos gastos e do investimento

 

Crescimento do PIB e seus reflexos no médio e longo prazo

 

O crescimento do PIB nacional é uma condição importante na economia, porém entender a sua dinâmica é essencial. Neste caso, olhar o número de forma estática pode levar a riscos grosseiros de avaliação.

O crescimento de 2,9% no primeiro semestre de 2024, em relação ao mesmo período do ano anterior é bom, porém a sua politização é ruim. Primeiro é necessário considerar que o PIB do país segue o processo de recuperação desde a grande recessão de 2015 e 2026, quando ocorreu forte retração de 6,49% nos dois primeiros semestres dos respectivos anos. Nos primeiros semestres dos três anos seguintes (2017 a 2019), o país recuperou somente 3,33%, voltando a cair forte 4,9% em 2020 por conta da pandemia. No mesmo período dos quatros anos seguintes veio a recuperação de crescimento no PIB nacional. Nos dois últimos anos do governo Bolsonaro o crescimento semestral atingiu 9,47% e nos dois anos do governo atual o crescimento atingiu 6,81%.


Olhando o primeiro semestre de cada ano, podemos considerar que o país recuperou o ciclo recessivo. Entretanto quando avaliamos a última taxa de crescimento de 2,9% no primeiro semestre de 2024, são realçados alguns pontos que merecem ser aprofundados.

Veja que na ótica da demanda interna, sobressai a despesa de consumo das famílias com crescimento de 4,6% e a despesa de consumo do governo com crescimento de 2,9% no período. A contra partida deveria ser um crescimento mais robusto da formação bruta de capital fixo (investimento), que cresceu 4,2% sobre uma base muito fraca. A taxa de investimento mergulhou em uma trajetória de queda nos últimos anos. Em 2021 a taxa atingiu 17,4% do PIB, caindo 17,3% em 2022 e voltando a cair para 16,4% em 2023. Em 2024 a mesma taxa ficou em 16,8%, muito aquém do padrão necessário à abundancia de gastos.

O quadro mostra que a politica fiscal facilitadora do consumo interno, sem uma contrapartida da formação bruta de capital fixo, tende a refletir no aumento de preço (pela pressão da demanda sobre a oferta), e no aumento da taxa de juros em função da necessidade de financiamento do setor publico.  

 Claramente vivenciamos uma situação de explosão dos gastos públicos que comprimem os investimentos. O Governo tem apostado na estratégia de gastar primeiro na expectativa de receita adicionais para recomposição que não vem.

Nesses casos um momento de felicidade se transforma em um quadro de horror no médio e longo prazo. Esperemos!!

 

 

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