Os recentes esforços para dinamizar o setor sucroalcooleiro Norte Fluminense
As iniciativas voltadas para a recuperação do setor sucroalcooleiro devem ser apoiadas, pois são extremamente relevantes em função da importância socioeconômica do setor. No caso do recém criado Centro de Tecnologia de Engenhos (CTE), envolvendo Petrobrás, Prefeitura de Quissamã e Governo do Estado, observa-se total relevância, já que objetiva construir soluções praticas para a produção de cachaça, açúcar mascavo e etanol de segunda geração.
Entretanto, os métodos de condução desses processos é que precisam ser repensados. Por exemplo, as estratégias declaradas nesse contexto priorizam no primeiro estagio a atração de grandes empresas e no segundo estagio o incentivo a abertura de vários engenhos, através das fontes de recursos do programa prosperar do Governo Estado e Quissamã empreendedor.
Pensar os reflexos dessas estratégias no setor exige um melhor entendimento da conjuntura atual, a luz do contexto histórico. Neste caso, a atividade se confunde com a história fluminense, cujo desenvolvimento no período colonial, se deu através de engenhos e engenhocas espraiados por diversos espaços, produzindo açúcar e cachaça. O açúcar com destino para Portugal e a cachaça como destino para a África, como meio de troca na aquisição de escravos. Pesquisas realizadas por Rogério Castro (LEPROD/UENF) indicam que no final do século XVIII existiam 616 engenhos de açúcar e 253 engenhos de cachaça, que operavam seus processos de fabricação sem grandes evoluções tecnológicas. Uma observação importante é que essas pequenas unidades produtivas operavam individualmente, sem qualquer tipo de cooperação. Os produtores de açúcar, inclusive, negavam a espuma e o melado de seu processo aos produtores de cachaça. Historiadores afirmam que o individualismo predominava. Esses fatos com o tempo passaram a acentuar problemas de competitividade, em função do não atendimento as necessidades do mercado.
A fragilização desse ciclo fomentou, no século XIX, um novo modelo de concentração de capital, surgindo os senhores de engenho que se constituíam na eliminação dos pequenos engenhos. Iniciava, nesse momento, um processo de verticalização consubstanciado em grandes propriedades e novas unidades de produção mais modernas tecnologicamente. Na esteira de novo ciclo, esses atores concentravam poder por sua participação na administração pública que alimentava a sua influência social e econômica na Região Norte Fluminense.
Com o início da melhoria tecnológica na lavoura e na indústria, foi aprofundado o modelo centralizado, o qual deu origem a uma nova configuração produtiva, denominada Engenhos Centrais, sendo o primeiro construído em Quissamã em 1857. Como esse modelo não gerou os resultados esperados, surgiram, no final do século XIX, as usinas apoiadas em uma forte estrutura produtiva e infra-estrutura de apoio que permitiu um novo modelo, altamente verticalizado, onde para fugir da dependência externa as usinas investiam na aquisição de terras.
O processo de concentração foi aprofundado no século XX apoiado pelo governo, que incentivou o investimento na modernização dos processos industriais. A oferta fácil de recursos financeiros aumentou a capacidade produtiva industrial de forma não compatível com a oferta da matéria prima no campo. De 1972 a 1980, a capacidade de moagem cresceu 102,45% em um ambiente agrícola de baixo investimento e produtividade muito aquém de outras regiões no Brasil. A partir desse momento, a decadência do setor se acentuou materializada no fechamento continuo de unidades produtivas. No inicio da década de setenta eram 24 usinas funcionando e neste ano somente 6 ainda sobrevivem.
Um melhor entendimento dessa decadência, em função da trajetória histórica, indica que a estratégia inicial do recente modelo proposto por Quissamã de atração de grandes empresas representa uma volta ao passado não exitoso. Na atual conjuntura as condições são piores, já que o tamanho médio das propriedades diminuiu, oferecendo forte dificuldade em termos de viabilidade econômica.
A possibilidade através de pequenas unidades produtivas depende de fundamentos como cooperação e reciprocidade não presentes na trajetória histórica do setor. Neste caso é preciso considerar os recursos existentes, ou seja, pequenas propriedades e saberes formal e informal, num contexto de planejamento indutivo a construção de uma mínima estrutura de capital social, capaz de possibilitar relações de confiança e cooperação para aumento da riqueza regional. O foco deve ser redirecionado dos recursos tangíveis para os recursos intangíveis. Assim, em nossa visão, somente a garantia de recursos financeiros e tecnológicos não garantirá sucesso nessa empreitada.
Entretanto, os métodos de condução desses processos é que precisam ser repensados. Por exemplo, as estratégias declaradas nesse contexto priorizam no primeiro estagio a atração de grandes empresas e no segundo estagio o incentivo a abertura de vários engenhos, através das fontes de recursos do programa prosperar do Governo Estado e Quissamã empreendedor.
Pensar os reflexos dessas estratégias no setor exige um melhor entendimento da conjuntura atual, a luz do contexto histórico. Neste caso, a atividade se confunde com a história fluminense, cujo desenvolvimento no período colonial, se deu através de engenhos e engenhocas espraiados por diversos espaços, produzindo açúcar e cachaça. O açúcar com destino para Portugal e a cachaça como destino para a África, como meio de troca na aquisição de escravos. Pesquisas realizadas por Rogério Castro (LEPROD/UENF) indicam que no final do século XVIII existiam 616 engenhos de açúcar e 253 engenhos de cachaça, que operavam seus processos de fabricação sem grandes evoluções tecnológicas. Uma observação importante é que essas pequenas unidades produtivas operavam individualmente, sem qualquer tipo de cooperação. Os produtores de açúcar, inclusive, negavam a espuma e o melado de seu processo aos produtores de cachaça. Historiadores afirmam que o individualismo predominava. Esses fatos com o tempo passaram a acentuar problemas de competitividade, em função do não atendimento as necessidades do mercado.
A fragilização desse ciclo fomentou, no século XIX, um novo modelo de concentração de capital, surgindo os senhores de engenho que se constituíam na eliminação dos pequenos engenhos. Iniciava, nesse momento, um processo de verticalização consubstanciado em grandes propriedades e novas unidades de produção mais modernas tecnologicamente. Na esteira de novo ciclo, esses atores concentravam poder por sua participação na administração pública que alimentava a sua influência social e econômica na Região Norte Fluminense.
Com o início da melhoria tecnológica na lavoura e na indústria, foi aprofundado o modelo centralizado, o qual deu origem a uma nova configuração produtiva, denominada Engenhos Centrais, sendo o primeiro construído em Quissamã em 1857. Como esse modelo não gerou os resultados esperados, surgiram, no final do século XIX, as usinas apoiadas em uma forte estrutura produtiva e infra-estrutura de apoio que permitiu um novo modelo, altamente verticalizado, onde para fugir da dependência externa as usinas investiam na aquisição de terras.
O processo de concentração foi aprofundado no século XX apoiado pelo governo, que incentivou o investimento na modernização dos processos industriais. A oferta fácil de recursos financeiros aumentou a capacidade produtiva industrial de forma não compatível com a oferta da matéria prima no campo. De 1972 a 1980, a capacidade de moagem cresceu 102,45% em um ambiente agrícola de baixo investimento e produtividade muito aquém de outras regiões no Brasil. A partir desse momento, a decadência do setor se acentuou materializada no fechamento continuo de unidades produtivas. No inicio da década de setenta eram 24 usinas funcionando e neste ano somente 6 ainda sobrevivem.
Um melhor entendimento dessa decadência, em função da trajetória histórica, indica que a estratégia inicial do recente modelo proposto por Quissamã de atração de grandes empresas representa uma volta ao passado não exitoso. Na atual conjuntura as condições são piores, já que o tamanho médio das propriedades diminuiu, oferecendo forte dificuldade em termos de viabilidade econômica.
A possibilidade através de pequenas unidades produtivas depende de fundamentos como cooperação e reciprocidade não presentes na trajetória histórica do setor. Neste caso é preciso considerar os recursos existentes, ou seja, pequenas propriedades e saberes formal e informal, num contexto de planejamento indutivo a construção de uma mínima estrutura de capital social, capaz de possibilitar relações de confiança e cooperação para aumento da riqueza regional. O foco deve ser redirecionado dos recursos tangíveis para os recursos intangíveis. Assim, em nossa visão, somente a garantia de recursos financeiros e tecnológicos não garantirá sucesso nessa empreitada.
Ah! Como seria bom que a região noroeste fluminense tivesse um professor que trouxesse um debate de tão elevado nível para a economia regional...
ResponderExcluirAngeline, assim você está me incentivando a ampliar a discussão para o Noroeste.
ResponderExcluirAbraços, Alcimar
Ôps, nosso blog está a sua disposição e no que pudermos ser úteis estamos aí...
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