Audiência pública - infraestrutura - porto do Açu

Audiência pública para apresentar o projeto de infraestrutura do complexo portuário do Açu em São João da Barra.

Um quadro desolador, cuja primeira visão é a assustadora ausência da população mais afetada pelos impactos, ou seja, a local. Desconhecimento? acomodação? desinteresse? Outro fato triste é o formato do próprio evento, onde o orgão ambiental apresenta um discurso normatizado onde começa informando que a mesma audiência não é deliberativa, sendo somente parte do processo de aprovação. A idéia de um processo democratico se esfacela quando é concedido aos participantes o direito de fazer uma pergunta num formulário de aproximadamente 15 x12 centímetros e uma participação oral de 3 minutos ao final do processo. Aliás, segundo o orgão ambiental os interessados tem 10 dias para encaminhar qualquer questionamento, que com certeza, não será considerado. Experiência pessoal.
Outro quadro perplexo é a apresentação formalmente técnica do projeto para um público que, sem informações prévias, ouve sem entender quase nada do que está sendo discutido. Parece uma grande festa, onde desfilam os políticos; aliás a concepção de democracia, para eles, fica muito claro nos informes sobre as presenças no recinto. Presentes o vereador....., o secretário.....o sub secretário..... A sociedade se compõe somente da classe política?
Para finalizar, nada melhor do que um lanche pobre num ambiente sofisticado em termos de infraestrutura (vários carros da polícia militar, homens da segurança, secretárias, recepcionistas, etc.), estrutura não visível na proteção da população no dia-a-dia. Aliás, a cidade hoje oferece diversos pontos de morte, sem que ninguém se preocupe. Veja a avenida Rotary Clube, o trânsito no centro, etc.

Comentários

  1. É professor, a coisa ta feia viu... Poucas pessoas da comunidade, questionamos onde foram aplicados os R$ 70 milhões em compensações anunciados e ninguém respondeu e outras tantas perguntas que simplesmente não foram respondidas, como que autorizam um mega empreendimento desses se o município anda mal de tudo a algum tempo e sem perspectivas de melhorar. O Distrito Industrial será uma maravilha, isso é bem claro, porém no meu ponto de vista não se pode autorizar tamanho “condomínio” sem da o mínimo de estrutura ao município, afinal lá vai se abrigar indústrias que vão precisar de uma classe de operários que provavelmente ficarão próximas ao empreendimento. Como será a coleta de esgoto? Distribuição de água? Saúde? Educação? Transporte? Segurança Pública? Lembrando que tudo isso hoje é precário com uma população de cerca de 32 mil habitantes, imaginem com uma população de 150 a 200 mil habitantes? Com uma renda per capita menor, sim, menor, pois os impostos gerados serão insuficientes e insignificantes diante tamanho desafio que temos pela frente.
    O engraçado que quem defende esse modelo de “desenvolvimento” sempre tem o mesmo discurso: “estão reclamando de que? É uma chance única para mudar a realidade do lugar, a região vive no Brasil Colônia, vive da cana, das cerâmicas, esse modelo está ultrapassado....”
    Essas pessoas não enxergam que estamos falando em um modelo de desenvolvimento muito mais avassalador que o já existente, estamos falando de impactos em escala industrial gigantesca, esses defensores são incapazes de olhar no entorno, acredito que vivem em um país das maravilhas, e infelizmente a autoridade máxima do município ou está cega ou já comprou uma casa na maquete da cidade X. Vamos pagar para ver no que vai da?!!!!

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  2. Você tem razão. Acho que o desenvolvimento econômico precisa ser buscado, entretanto é preciso entender na integra o que é desenvolvimento. Projetos como o porto podem ser importante, do momento em que a sociedade o governo e as empresas, assumam o seu verdadeiro papel. No caso específico, a sociedade vista em seu conjunto é apática, o governo defende interesses cooporativos e a empresa segue buscando o que é o seu verdadeiro objetivo, ou seja, o lucro. Neste caso, teremos crescimento econômico e não desenvolvimento econômico.

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  3. Pois é professor, levantamos muitas questões, não por estarmos contra a muita coisa e da forma que estão fazendo, mas para que ficassem claros muitos pontos que simplesmente foram ignorados. A falta de respeito é muito grande, eles já resolveram tudo e nos comunicam superficialmente. Acredito que atitudes assim devem ser tomadas dentro da casa de cada um, mas estamos falando do futuro do município e ai me pergunto: Quem elegeu o grupo EBX para dizer o que é melhor para SJB? É muito complicado, principalmente o fato da população não se preocupar com nada, talvez quando perderem a sua identidade e não ter como voltar mais atrás alguém vai se arrepender!

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  4. Denis, a população tem que decidir o que é melhor para ela e tem que questionar sim, as ações da empresa. Infelizmente, falta consciência e por conta disso vamos sofrer os reflexos negativos do investimento. Entretanto, insisto que não devemos desistir dos nossos ideais e continuar na luta, mesmo que em desvantagem, no sentido de materializar as nossas contribuições. Não podemos fazer mais do que isso. Outro aspecto é que não mudaremos nada no curto prazo, mas temos que acreditar no nosso papel social.

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