Emprego formal por setor de atividade em São João da Barra
Analisando o trabalho de monografia das graduandas em Engenharia de produção da UENF, Lara Pessanha e Nayara Gomes, isolei os indicadores desagregados de trabalho por setor de atividade em São João da Barra e mais uma vêz fiquei estarrecido.
Observe o gráfico que apresenta a participação percentual do trabalho formal por setor de atividade no município. Com o advento do Porto do Açu, cujas obras iniciaram no final de 2007, a curva do setor de construção civil começa a subir. Em 2006 este setor apresentou uma participação percentual de 7,04% no emprego total do município, ampliando a sua participação para 13,58% em 2007, evoluindo para 24,32% em 2008, alcançando o seu pico em 2009, onde a participação do setor chegou a 27,82% do total do emprego, declinando para 23,62% em 2010. Essa trajetória dinâmica representa um indicar, a princípio, importante e esperado, já que ocorreram investimentos maciços de construção pesada nesse período. O que chama atenção é que esse aumento de participação do setor de construção civil deveria refletir em uma maior participação do emprego no comércio. Mais trabalhadores, mais renda e, portanto, uma maior pressão sobre o comércio local, não é? Não, observa-se um forte marasmo na atividade comercial que pode ser comprovada pela trajetória da curva do comércio varejista. Em 2005, a participação do comércio era 12,33% no emprego total, declinando para 11,12% em 2006, para 10,09% em 2007, para 9,73% em 2008, para 9,54% em 2009 e para 8,11% em 2010.
Para onde essa massa de renda adicional está se dirigindo? Fica claro ai que esse tipo de investimento gera externalidades positivas, porém não garante que o local as internalize. É necessário o exercício da ação coletiva, elemento inexistente localmente, assim como, não se verifica uma ação mais coordenada do governo no que diz respeito a dotar o ambiente das condicionantes essencias.
Para onde essa massa de renda adicional está se dirigindo? Fica claro ai que esse tipo de investimento gera externalidades positivas, porém não garante que o local as internalize. É necessário o exercício da ação coletiva, elemento inexistente localmente, assim como, não se verifica uma ação mais coordenada do governo no que diz respeito a dotar o ambiente das condicionantes essencias.
Claro que o Porto gerou mais empregos, claro que mais renda, mas é um investimento privado, qual é o dever de casa que a Prefeitura Municipal não tem feito? Temos um aumento mais que significativo na arrecadação municipal, mas não por incentivo da administração pública, mas sim por conta do "ouro negro". É mais que visível que algo vai errado, o dinheiro que a cidade arrecada, pouco circula dentro do município, é impressionante ainda a participação na empregabilidade que o setor público ainda exerce. De certo que algo vai muito errado e a inércia da sociedade e do poder público pode prejudicar muito os atuais comerciantes locais, a cidade está carente de infra estrutura e de serviços públicos eficientes o comércio diminui e a população mais dependente da "política".
ResponderExcluirEspero que no futuro próximo isso mude logo.
Olá Alcimar!
ResponderExcluirProvavelmente a renda gerada pela construção civil está sendo gasta em centros maiores, mais competitivos. Na minha opinião, internalizar essa renda exigirá ampliação da competitividade do comércio local. A administração pública possui fundamental importância nesse processo, pois é a partir dos direcionamentos do estado que a iniciativa privada irá atuar.
Um abraço,
Teresa Amaro
Perfeito Teresa, investimentos pesados são realizados em um ambiente despreparado. Nessa condição, o sistema econômico local exige uma governança institucional, no sentido da capacitação ambiental. Entretanto, observa-se um governo frágil e despreparado para tal. Não existe evidência de nenhuma ação capaz de potencializar a competitividade dos negócios locais, depois de quatro de anos de construção do porto. Assim, dificilmente as externalidades geradas, em função dos investimentos exógenos, serão aproveitadas pelos agentes locais.
ResponderExcluirDenis, você tem razão. Os empregos gerados em benefício do município podem ser questionados quanto a sua qualidade, além não potencializar outros setores de atividade. Conforme mostra o gráfico, a atividade comercial declina num ambiente de fortes investimentos exógenos. É evidente que existem sérios gargalos a serem resolvidos.
ResponderExcluir