ARTE, CULTURA E ESCLARECIMENTO
O economista Ranulfo Vidigal fala sobre CULTURA
"A prefeita Rosinha assinou
recentemente o convenio com a ONG Orquestrando a Vida, com a meta de criação da
Orquestra de Coro de nosso Teatro Trianon. Uma atitude inteligente, que
prestigia os talentos de nossa terra. A música erudita, a cada dia ganha mais
adeptos e a cidade só tem a ganhar com esta iniciativa. Basta não esquecer que cinco
por cento do PIB da cidade do Rio de Janeiro é resultado de seu setor cultural.
Aliás, há poucas semanas, na tradicional
Igreja de São Francisco de Campos eu tive a rara oportunidade de assistir a um
belíssimo espetáculo da turma afinada, liderada pelo maestro Jony William e que
apresentou barítonos de alta categoria.
O historiador Fernando Antonio
lembra, com muita propriedade, a vinda do pianista Artur Moreira Lima na Praça
de São João Batista, para tocar melodias que encantaram o público sanjoanense,
nos idos dos anos 1990. Confesso que sou um amante da música.
Para diversos autores, a arte
nunca é reflexo da vida social corrente, mas sim uma figura avançada daquilo
que a vida social ainda não é capaz de pensar, ou seja, daquilo que ainda não
tem forma no interior de nossa forma hegemônica de vida.
Em paralelo, o tempo é o formador
da cultura e da história. Um intelectual, de um modo geral, leva muito tempo
para escrever sua obra, um bom livro, filme ou peça teatral.
Quando a arte perde a força de
ser a figura de uma comunidade por vir, então a vida social não é capaz de
enxergar a imagem utópica de uma nova sociedade possível.
Quando o movimento de uma mudança
perde força, o primeiro sintoma deste esgotamento é exatamente o fim da criação
na arte.
Vivemos tempos em que a economia
capitalista vê a cultura, o entretenimento e o turismo cultural como setores
fundamentais, apenas para a produção de mercadorias simbólicas, afastando das
mesmas seu espírito crítico.
Em paralelo, o setor das finanças
transformou a obra de arte em um simples ativo financeiro sedento de
“valorização”. Tais fatos retiram da arte sua força política e transgressora
bloqueando a natureza produtiva do pensamento.
Na contemporaneidade presenciamos
um comportamento padronizado das famílias, onde as redes de parentesco tendem a
se reduzir ao mínimo, a vida doméstica é engessada pela mídia que, ao invés de
instruir, incentiva o consumismo desenfreado. Neste ambiente, as utopias
parecem coisa do passado.
Portanto, estes são tempos onde
necessitamos de uma cultura esclarecedora que permita a convivência harmônica, com
o meio ambiente e com as relações sociais fraternas. Momento adequado para um enriquecimento
dos modos de vida e sensibilidade".
Ranulfo Vidigal – economista,
mestre e doutorando em políticas públicas, estratégias e desenvolvimento pelo
Instituto de Economia da UFRJ.
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