A luz do novo ciclo político, entendemos os possíveis caminhos para a transformação da região Norte Fluminense?

Importantes organizações da região Norte Fluminense repetem praticas arcaicas que não contribuem com o necessário movimento de transformação socioeconômica regional. As iniciativas promovidas por alguns segmentos, no contexto da proximidade do início de um novo ciclo político, parecem ratificar essa afirmativa, já que a sua natureza é de capitalização política. Claramente, cada segmento busca seus próprios interesses, em detrimento do interesse coletivo.

Faço uma leitura crítica ao teor de um desses encontros recentes em Campos dos Goytacazes, onde no âmbito da discussão sobre desenvolvimento regional, o argumento era a defesa dos incentivos fiscais promovidos pelo estado. Na visão do palestrante, tais incentivos foram fundamentais para a vinda de muitas empresas que geraram muitos empregos em todo o estado.  

Esta visão míope precisa ser bem avaliada pelos prefeitos eleitos. Na verdade, os defensores dos incentivos fiscais parecem não entender o quadro da grave crise vivenciada pelo estado. No período entre 2007 e 2015, o estado cedeu desonerações fiscais da ordem de R$186 bilhões para grandes empresas nacionais e internacionais, enquanto a sua dívida evoluía para R$107 bilhões em 2015.

Talvez para sensibilizar a plateia regional, o palestrante citou o exemplo de São João da Barra. Em suas palavras, o município foi beneficiado com 5.000 empregos, em função do porto do Açu. Primeiro importa dizer que as empresas do porto do Açu não constam da lista dos principais beneficiários das isenções fiscais do estado. Segundo, o crescimento do emprego não gerou bem-estar para a população. Podemos provar tal afirmação, considerando a hipótese de que o emprego no comércio é impactado pelo emprego total. Ou seja, como indicador da dinâmica econômica local, no caso de uma forte correlação com o emprego total, garantiria bem-estar para a população. Caso contrário, a população não se beneficiaria do grande volume de emprego gerado.

Nesse caso específico, apuramos os resultados para os municípios de Itaguaí, Itaboraí, Macaé e São João da Barra, considerado que os mesmos receberam forte aporte de investimento em grandes projetos.


Fonte: Elaboração própria, com base no Ministério do Trabalho

Assim, podemos verificar no gráfico que a fraca correlação em São João da Barra é indicio de que a população não se beneficiou do emprego gerado pelo porto do Açu. Os índices mostram que os outros municípios apresentaram maior capacidade interna de absorção do emprego total, através de sua correlação com o emprego no comércio.
                                                                                                  
Em nossa conclusão, fica a seguinte mensagem para os prefeitos eleitos. Aceitar os argumentos de interesse associados a segmentos específicos, pode não ser a melhor estratégia. Aconselho a seguir o instinto endógeno, buscando as soluções para os problemas locais no estoque de recursos, tangíveis e intangíveis, estritamente doméstico.

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