O NOVO CICLO DE CRESCIMENTO ECONÔMICO NA REGIÃO NORTE FLUMINENSE: UMA PROPOSTA DE INSERÇÃO

A Região Norte Fluminense começa a se acostumar com cifras na casa dos bilhões de reais, em função dos investimentos na indústria petrolífera e, mais recentemente, nos projetos em andamento no complexo portuário do Açu e nas expectativas em relação aos futuros projetos relacionados à construção de termoelétrica, refinaria e outros negócios da mesma magnitude. Tal fato, além das potenciais oportunidades, reforça uma grande preocupação, já que a economia regional baseada em atividades tradicionais é o contra ponto do atual processo que se inicia com base na tecnologia de ponta.

Verdadeiramente esse processo gera externalidades positivas e negativas e a grande questão consiste na seguinte interrogação: “como qualificar o ambiente socioeconômico para internalizar os benefícios das externalidades positivas e combater os reflexos das externalidades negativas”? De certo, as praticas correntes precisam ser repensadas. Propostas como investimento em educação, capacitação profissional, investimento em infraestrutura e planejamento público, são temas de ampla abrangência que auxiliam somente bons discursos. Na verdade é essencial formular estratégias dirigidas a problemas práticos de maneira que ações integradas possam resolver gargalos específicos.

Mais especificamente, uma visão fundamental está definida na flexibilização da teoria da localização e inovação de Michael Porter, que consiste nas seguintes etapas: identificação dos recursos tangíveis e intangíveis localmente (naturais, tecnológicos, financeiros, humanos, gerenciais, culturais, históricos, etc.); construção de programa de capacitação do ambiente sociocultural com base na metodologia da pesquisa-ação; indução a formação de clusters industriais; gerenciamento das ações integradas para garantia do processo de reprodução.

Afirmo não tratar-se de simples importação de modelo. Na verdade a presente formulação já está adaptada e ajustada a nossa realidade regional, enquanto que o processo de abordagem para capacitação do ambiente exige a formação de equipes com conhecimento de natureza multidisciplinar.

Esta formulação constrói as condições para capacitar os atores produtivos, segundo um modelo de organização produtiva de natureza coletiva com a associação de conceitos fundamentais, tais como: cadeia produtiva, economia de aglomeração, divisão do trabalho a partir do território, cooperação e reciprocidade. Paralelamente, a integração das organizações governamentais e não governamentais ocorre em função do processo de articulação das equipes condutoras da metodologia da pesquisa ação.

Na verdade, a presente formulação cria condições para inserir empresas e trabalhadores locais no novo ciclo de crescimento econômico, aproveitando os benefícios inerentes às externalidades geradas pela internalização das economias externas e internas das grandes empresas responsáveis pelos investimentos exógenos. O esforço de integração, por sua vez, promove ações endógenas que são responsáveis por um desenvolvimento econômico local sem os males do crescimento concentrador de riqueza.

Comentários

  1. A questão é a seguinte: o poder público regional estaria preparado (e desejaria) "dar o pontapé inicial" nesse processo?
    E as entidades NÃO governamentais? Teriam condições de incorporar uma proposta como essa?

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  2. A proposta indicada depende de um processo de governança. Este, por sua vêz, se materializa a partir da formação de redes de articuções que potencializam as ações coletivas e provocam rendimentos crescentes nos negócios. A questão é quem pode liderar esse processo? Os governos apresentam dificuldades técnicas em relação a essa demandas, enquanto que as entidades não governamentais se preocupam muito com o coorporativismo, não demonstrando um amplo conhecimento sobre o seu papel neste contexto.
    Este cenário exige um entendimento das reais possibilidades e a percepção de que a cooperação e a reciprocidade são os fundamentos que permitirão a inserção da região no novo ciclo de crescimento.

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  3. Vamos lá:
    Em nossa região, o governo quer resultados imediatos. Não se preocupa com planejamento estratégico. O importante é ter números e não resultados sociais e econômicos consistentes.
    As entidades, infelizmente, se acostumaram a esperar que o envolvimento do poder público; sem ele nada se faz!
    Só vejo uma brecha para quebrar esse ciclo vicioso: a participação da universidade. Mas tenho minhas dúvidas se esta também está preparada para esse papel e se realmente desejaria isso.

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  4. Concordo que a universidade tem um papel fundamental nessa dinãmica, porém ela ainda não apresenta um perfil pro ativo capaz de contribuir de fato. Neste caso, o governo por reunir os recursos necessários, precisa agir como empreendedor (identificar bons projetos, fontes de recursos, tecnologias e empresários inovadores, de forma a potencializar negócios e desenvolvimento local.

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  5. O trab do professor Alcimar está na vanguarda do ideal que a Universidade representa na região.

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  6. Angeline, considero essencial um processo de multiplicação dessas idéias. O trabalho de base deve contaminar indivíduos com perfil empreendedor o que possibilita a construção de modelos de governança.

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