Diante da crise internacional: como amortecer os seus reflexos
Verdadeiramente, existe um nó na conjuntura econômica do país, difícil de desfazer. O forte desaquecimento da demanda internacional, por conta da crise americana e européia, tem provocado ações de governo em direção a manutenção da dinâmica econômica interna. Dentre elas, verificam-se o incentivo a alguns setores da indústria e a queda na taxa de juros, visando promover avanço no consumo doméstico.
Uma primeira percepção é de os problemas são mais complexos e exigem ações contínuas de solução no médio e longo prazo. O incentivo ao consumo imediato representa uma ação de curto prazo que esbarra em questões importantes, como a inadimplência crescente dos consumidores e a própria garantia de oferta dos bens e serviços, já que por natureza o aumento da produção exige tempo.
Esse contexto indica alguns cenários que podem ser críticos. A redução da taxa de juros e o movimento que possibilita dar aptidão creditícia aos consumidores endividados podem criar uma bolha de consumo inicialmente, porém pode tanto implicar na aceleração inflacionária, pelo descompasso com a oferta, como pode reacender e aprofundar o endividamento com reflexos na inadimplência, já que existe um problema de incapacidade de gerenciar orçamento nas famílias. As duas situações podem também ocorrer simultaneamente.
A visão de médio e longo prazo deve ser vista pelo lado da oferta. Independente da crise internacional, já existe indicações sobre uma trajetória de desindustrialização no país, cujos reflexos afetam o emprego e a renda. Tal fato pode ser verificado na pauta de exportação, onde sobressaem as commodities, enquanto que a dependência de importações de bens industrializados representa um inibidor de emprego e riqueza no interior país.
Tudo isso nos leva a pensar em estratégias mais sustentáveis, diferentes das ações de curto prazo que promovem uma sensação de solução rápida, porém não duradoura e que ainda realimentam o mesmo processo de crise. Neste caso, o incentivo a promoção de inovações tecnológicas, associado a um maior nível de investimento público e privado, podem atuar no fortalecimento da demanda interna de maneira mais sólida, amortecendo os reflexos externos.
Prezado Professor Alcimar, concordo plenamente com sua análise e gostaria de comentar que a crise atual, embora possa ter um menor impacto no país do que a de 2008, está afetando a nossa economia. Acredito que duas frentes de ação devem ser implementadas com bastante ênfase, a primeira diz respeito a redução da carga tributária das empresas, algumas medidas foram tomadas recentemente pelo governo, visando dar maior competitividade as empresas nacionais, principalmente frente as empresas chinesas. A segunda frente, refere-se a questão cambial pela enxurrada de dólares que são "produzidos" pelos EUA visando tornar seus produtos mais competitivos, para conter essa "avalanche" se faz necessário criar controles, não na entrada e sim na saída destes do país através de prazos mínimos ou tributos que desestimulem a velocidade do fluxo cambial. Logo, podemos perceber que existem dois "inimigos" a serem combatidos: os produtos chineses por todas as suas peculiaridades de subsídios e os dólares americanos pela atual política monetária americana.
ResponderExcluirPerfeito Claudio, a pesada carga tributária que encarece os produtos brasileiros, associada a valorização do real, que pressiona uma maior oferta de dólares, tem impactado fortemente da capacidade competitiva dos produtos brasileiros no exterior. Realmente existe um nó de dificil solução.
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