DESIGUALDADE PERSISTENTE
Análise do economista Ranulfo Vidigal
A divulgação pela ONU de mais uma série do índice do
Desenvolvimento Humano – IDH suscitou o debate sobre a velocidade da queda do
grau de desigualdade em sociedades de desenvolvimento retardatário como é o
caso do Brasil. O IDH busca medir e comparar a qualidade de vida entre países,
a partir da combinação de dados sobre renda média, expectativa de vida e
escolaridade dos cidadãos. Em nosso país
o principal limite para um melhor desempenho no ranking do PNUD é a estrutura
desigual sobre a qual a sociedade se assentou. São fatores estruturais que se
mantém praticamente inalterados, com o
passar dos anos. Para diversos especialistas na matéria, a desigualdade é um
sinal de subdesenvolvimento e assim sendo torna-se crucial fomentar políticas de promoção ao acesso às
oportunidades entre os cidadãos.
O baixo crescimento econômico e o papel gradativamente menor
da educação formal, como instrumento indutor da melhoria na distribuição da
renda preocupa a todos. Ampliar a produtividade do trabalho e criar empregos
bem remunerados é sempre um desafio. A taxa de investimentos na formação de
capital fixo de apenas 18 por cento limita a expansão da atividade econômica. Por
outro lado, é grande a preocupação com os riscos de desindustrialização, alta
penetração de produtos importados, desnacionalização da economia e dependência
tecnológica.
Na história
republicana brasileira tivemos presidentes com alto desempenho econômico
(Emílio Médice e Deodoro da Fonseca) e um chefe de governo com desempenho
negativo e pífio ( Floriano Peixoto). Nos últimos dez anos de predomínio
desenvolvimentista de Lula e Dilma, a economia brasileira cresceu apenas 3,5
por cento, em média, muito abaixo dos oito por cento dos BRICs ( China e
Índia), por exemplo.
Na nossa cidade, especificamente, diante do crescimento da
renda puxada pelos novos empreendimento industriais e logísticos, os novos
contratos de trabalho com carteira assinada pagam uma remuneração média de
cerca de 2,2 salários mínimos – nível cinqüenta por cento superior ao praticado
a cinco anos atrás. Por outro lado, as políticas públicas do Cheque Cidadão e
da moradia popular contribuem firmemente para a redução da pobreza e da indigência
em nosso município. Na questão da empregabilidade, as políticas de intermediação
de mão de obra, bem como a melhor mobilidade com a tarifa subsidiada nos
transportes públicos geram chances iguais, tanto para moradores da cidade,
quanto do interior.
No Brasil, por outro lado, mesmo com baixo crescimento, o
emprego formal vem crescendo satisfatoriamente e o salário mínimo teve incremento
real expressivo. Entretanto, ainda somos a décima terceira nação mais desigual
do planeta e para avançar neste quesito temos que modificar a estrutura
tributária - ainda muito centrada sobre os mais pobres, além de fortalecer a
universalização das políticas sociais.
Ranulfo Vidigal – economista,
mestre e doutorando em políticas públicas, estratégias e desenvolvimento pelo
Instituto de Economia da UFRJ.
Comentários
Postar um comentário