Recursos naturais, petróleo e prosperidade
"Uma ótima reflexão do economista Ranulfo Vidigal"
O recente debate sobre a retirada dos recursos indenizatórios da produção petrolífera e o risco de implosão dos orçamentos das prefeituras dos municípios produtores de petróleo na Bacia de Campos coloca em evidência questões controversas e cruciais para o processo de desenvolvimento de nosso Estado.
O recente debate sobre a retirada dos recursos indenizatórios da produção petrolífera e o risco de implosão dos orçamentos das prefeituras dos municípios produtores de petróleo na Bacia de Campos coloca em evidência questões controversas e cruciais para o processo de desenvolvimento de nosso Estado.
No
caso específico do norte fluminense, o processo recente de consolidação
industrial associado à conclusão do Complexo Portuário do Açu, bem como a
futura instalação do Pólo Logístico em Barra do Furado podem significar o
rompimento do quadro de estagnação e baixo dinamismo que vigorava
historicamente na região.
Para
nós, o petróleo não representa uma maldição. Aliás, caracteriza-se o fenômeno
da maldição, como um problema que surge em espaços geográficos com abundancia
de recursos naturais e que, no entanto, apresentam baixo dinamismo e fraco
desempenho, em termos de desenvolvimento econômico.
Na
economia internacional, temos exemplos positivos e negativos desta situação
concreta. Por exemplo: os dinâmicos tigres asiáticos, embora careçam de recursos
naturais tem uma renda crescente, oriunda da exportação de produtos
industrializados produzidos a baixo custo e alta produtividade. A Noruega, país
que se mantém no topo do índice de desenvolvimento humano, é um exemplo de
recursos naturais petrolíferos bem aplicados, alta tecnologia, alta renda e
excelente qualidade de vida. A Venezuela, com muitas reservas de petróleo, é um
exemplo latino-americano da maldição, pois importa tudo que consome de bens de
primeira necessidade e convive com baixa industrialização de sua economia.
No
livro A Ascensão do Resto, a pesquisadora Alice Amsden afirma que em qualquer
processo de emparelhamento de uma determinada região com as economias mais
dinâmicas, o governo tem que intervir de maneira deliberada e profunda no
mercado, posto que, nas economias atrasadas estas possuem poucos ativos
baseados no conhecimento para concorrer, nos mercados das indústrias modernas.
Portanto,
no novo quadro que se desenha, o poder público necessita da indenização
petrolífera para induzir o desenvolvimento criando um ambiente favorável para
as inovações tecnológicas. Por outro lado, com o apoio das elites regionais, o
Estado tem que exercer o papel de planejador do futuro e atuar de modo mais
eficiente, eficaz, consorciado e matricial.
Ranulfo
Vidigal – mestre e doutorando em políticas públicas, estratégias e
desenvolvimento pelo Instituto de Economia da UFRJ.
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