Observando uma experiência real para o desenvolvimento econômico setorial em um espaço periférico
Ações
práticas que constituam estratégias de combate a falta de dinamismo econômico,
em ambientes periféricos, merecem ser observadas a partir de um olhar positivo.
Essas ações empíricas podem se consolidar como políticas públicas potenciais
para o desenvolvimento econômico endógeno.
O
fenômeno observado nesse texto é o "Festival
de Petiscos", no Farol,
Campos dos Goytacazes, que acontece neste fim de semana. O festival se apoia na
boa oferta de pescado e crustáceo extraídos mar, cuja prática comercial,
historicamente, é desfavorável ao trabalhador da pesca. As imperfeições do
mercado tende a desvalorizar o produto da pesca, já que são muitos produtores e
poucos compradores atacadistas. Esses buscam outros mercados, com maior
valorização do pescado, e onde os empregos são gerados.
O
combate à desequilíbrios dessa natureza está no equilíbrio das forças entre
compradores e vendedores. Assim, o fomento da demanda interna para escoar a
oferta dessas mercadorias é estratégico. Nesse contexto é que vejo a
importância do festival. O foco é interno, onde a oferta e a demanda em
equilíbrio, avançam gerando emprego e renda localmente.
Vejam
que em torno de 25 empresas operam de forma direta no evento, comprando
mercadorias e, processando-as, com o emprego de trabalho local, atraindo
consumidores que se aglomeram em um lugar atrativo. Complementa o processo diversas
outras atividades associadas, tais como: musicais (artistas, técnicos e
equipamentos), limpeza, segurança, serviços de aluguéis (equipamentos, móveis e
utensílios), artesanato, iluminação, banheiros químicos, transporte, etc.
Estamos
falando de um movimento econômico importante que está fechado internamente, ou
seja, não depende de mercados externos. Essa alternativa já foi sinalizada
pelos economistas revisionistas do marxismo, no final do século de XIX, que
entendiam que o mercado interno basta à reprodução capitalista, permitindo que
a economia possa se desenvolver fechada nos seus meios de produção. Trata-se do
resgate a Lei de Say "A oferta cria
a sua própria procura". No caso específico do Farol, é necessário o
planejamento, não global dos revisionistas, mas, baseado em um processo de
Governança Institucional.
A
experiência do Farol deve ser aproveitada para um planejamento estratégico que
permita transformar a ação pontual em uma estratégia sustentável de
desenvolvimento econômico setorial. Dessa forma, conhecer melhor o perfil do
consumidor turista da região, padrão de renda, definir a melhor localização e
estrutura operacional, aproximar parceiros institucionais, definir uma política
de marketing, inovação e treinamento profissional, são elementos essenciais
para a transformação de uma estrutura de vantagem comparativa pontual em uma
estrutura de vantagem competitiva sustentável. Os impactos em termos de
emprego, renda e tributos serão efetivos.
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