Porto do Açu: O Brasil que dá certo! E São João da Barra?
Foto: Jornal Folha da Manhã
O Porto do
Açu inaugura novos terminais com
investimentos de R$1,5 bilhão e seu principal executivo acentua a sua
importância para o país. Os discursos
dos políticos presentes e do representante da empresa são falações repetidas ao
longo dos últimos dez anos. Investimento privado, geração de emprego,
modernidade, desenvolvimento, transformação regional, e por aí vai! De concreto
mesmo é que se trata de um grande projeto de importância nacional que usa os
recursos naturais de um espaço periférico, o qual absorve as externalidades
negativas (desiquilíbrio ambiental, especulação imobiliária, expansão
inflacionária, desemprego, desigualdade social, pobreza, violência, etc.) e
deixa escapar as externalidades positivas (conhecimento, oportunidade de
emprego qualificado, fornecimento de insumos, benefício das redes de relacionamento,
receitas tributáveis, possibilidade de formação de redes produtivas, etc.).
Esta afirmação
está consubstanciada na própria experiência de construção e operação do porto nesses
dez últimos anos. Todas as promessas colocadas publicamente nas audiências para
aprovação dos projetos, não foram cumpridas e, esses mesmos políticos, em
nenhum momento defendeu a sociedade junto as empresas envolvidas. Esqueceram as
medidas compensatórias declaradas nos projetos aprovados pelos órgãos
ambientais. Hoje, o município amarga problemas de salinização das terras que
sobraram na área rural do município, já que uma boa parte foi desapropriada
(não sei se o termo correto seria esse), violência urbana, empobrecimento dos
produtores rurais, devastação da pesca oceânica, etc.
Quando aos grandes
números, os investimentos da ordem de R$10 bilhões na construção do porto do
Açu, ainda não afetaram positivamente o município. O índice de participação municipal
no ICMS em 2016 (relativo a atividade econômica de 2014) atingiu 0,576, muito
próximo do índice de 2004 (atividade econômica de 2002) de 0,546. A receita de
Imposto sobre Serviços (ISS) apresentou um bom aumento, porém observamos que
enquanto em 2014 a arrecadação foi de R$ 63,7 milhões (a operação se deu a
partir de setembro), em 2015 a arrecadação do ano inteiro somou R$ 62,6
milhões. Podemos observar uma forte evasão de recursos.
O emprego no comércio, benefício tão prometido, é lamentável. Foram gerados somente 4 empregos no comércio em todo o ano de 2015 no município. Em 2007 foram gerados 34 empregos (as obras do porto iniciaram em setembro deste ano). Existem outros indicadores disponíveis que também comprovam essa problemática.
Assim, conforme podemos
observar, este não é, definitivamente, o caminho para o processo de melhoria de
vida da população local. Aliás em um evento tão importante não vimos
representação da sociedade civil. Somente políticos e representantes da
empresa. Ocorre que a alternativa está exatamente no envolvimento da população
no debate e na identificação de alternativas reais para o seu bem-estar. Reflitamos!!
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