Depois da queda das rendas petrolíferas, um ciclo desafiador para os municípios produtores da Bacia de Campos
Um novo ciclo desafiador para Campos dos
Goytacazes e municípios da rota petrolífera da Bacia de Campos se inicia. Na
esfera política, especialmente, o município de Campos dos Goytacazes encerra
uma etapa sob o domínio de um grupo político que, não desprezando a sua
importância, se desgastou com o tempo, abrindo espaço para novas lideranças que
souberam aproveitar o forte sentimento de mudança da população.
Na esfera econômica, tanto o diagnóstico da
conjuntura presente, quanto as expectativas de médio prazo, não são tão
animadoras. Os gestores públicos ignoraram a crise econômica mundial iniciada
em 2008, cujo papel foi importante na redução do consumo de petróleo
mundialmente e, consequentemente, no desequilíbrio entre a oferta em expansão e
a demanda em retração. O resultado, naturalmente, não seria outro, senão a
queda do preço da commodity e a
redução das transferências de royalties e participações essenciais para os
municípios produtores de petróleo.
Dados da ANP mostram que, em 2009, a
participação relativa da produção de petróleo no Rio de Janeiro era equivalente
a 85% da produção do país, caindo para 67,9% a mesma participação em 2015.
O ciclo de vida útil da Bacia petrolífera de
Campos, foi outro elemento não observado. Como o processo de produção comercial
offshore teve início em 1977, no
campo de Enchova, era de esperar a desaceleração da produtividade quase quatro
décadas depois, fato ignorado pelos gestores públicos beneficiários dos
royalties de petróleo.
Diante desse quadro, fundamentalmente, em
Campos dos Goytacazes, pode-se observar, ainda, o crescimento do custeio frente
ao crescimento das receitas correntes realizadas. Em 2009, as despesas com
custeio absorviam 74% das receitas correntes, evoluindo para 85% em 2014. Os dados
de 2015 e 2016 não estão disponíveis, porém sabe-se que o grau de
comprometimento das receitas correntes aumentou fortemente, levando o município
a recorrer a diversos empréstimos junto a órgãos financeiros. A figura mostra a
trajetória da curva de custeio.
Como conclusão, podemos afirmar que a equação é
complexa já que combina arrecadação em queda, despesas orçamentárias
aumentadas, frágil estrutura produtiva, baixo rendimento do trabalho
assalariado e um forte padrão de desigualdade social. Nesse caso, a recuperação da economia local deve
passar por um eficiente diagnóstico dos recursos, tanto tangíveis, quanto
intangíveis; por efetivo comprometimento no processo de interação
governo-universidade-empresa; por uma melhoria do padrão de eficiência da
estrutura de governança do setor público; pelo esforço de resgate da confiança,
como elemento da ação coletiva e, finalmente; pelo incentivo ao afloramento do
espirito empreendedor no contexto da sociedade.
“O foco no trabalho produtivo, resgatando Adam Smith, se caracteriza na estratégia mais promissora para o município de
Campos dos Goytacazes e região da rota de petróleo da Bacia de Campos”.
“Somente a combinação produtiva de recursos tangíveis
e intangíveis é capaz de criar cadeias produtivas, responsáveis pelo aumento do
rendimento crescente e seus reflexos no aumento do emprego, da renda e do bem-estar
da população”.
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