O crescimento do emprego da renda e do valor adicionado, impulsionado pelo porto do Açu, não reflete positivamente na dinâmica econômica local em São João da Barra
A movimentação para construção do porto do Açu iniciou
na segunda metade de 2007 e o projeto de impacto ambiental, social e econômico,
aprovado pelo INEA, definia, especialmente, na esfera econômica os seguintes
impactos e, consequentes, medidas mitigadoras.
Na fase de construção, o impacto relacionado a
geração de expectativa e incerteza na população, trazia a medida mitigadora de
contratação local, objetivando a redução do desemprego na região.
Já na fase de construção, o impacto previsto de
aumento de emprego e efeitos da desmobilização dos canteiros, trazia a medida
mitigadora de capacitação de trabalhadores e prioridade na utilização de
serviços, comércio e insumos locais, objetivando aumento da arrecadação de
impostos e taxas. Um segundo impacto de aumento da demanda por bens e serviços,
indicava a medida mitigadora de contratação de mão de obra local para evitar o
afluxo de pessoas de outras regiões e, finalmente, o impacto de geração de
conflitos com a população, trazia que como medida mitigada o apoio as
atividades de agricultura e pesca artesanal.
Para verificar a ocorrência das medidas
mitigadoras, recorremos ao instrumento estatístico análise de regressão linear,
considerando emprego no comércio, como indicador de dinâmica econômica local e
variável dependente, para verificar as respostas, em função das mudanças ocorridas
nas variáveis independentes (PIB, PIB per capita, valor adicionado, emprego
total, receitas correntes, operações de crédito, depósito à vista privado,
receitas tributárias, rendimento do trabalho). Na prática, queríamos verificar
até que ponto o crescimento dessas variáveis refletiam no crescimento no
emprego no comércio localmente.
Os resultados foram pífios. O pior resultado
entre outros municípios que receberam grandes investimentos baseados em
recursos naturais, tais como: Campos, Macaé, no Rio de Janeiro; Altamira no Pará
e Ipojuca em Pernambuco. O emprego no comércio em São João da Barra respondeu
somente a movimentação dos depósitos a vista privado, mesmo assim inversamente.
Ou seja, em termos de previsão com base no período analisado de 2004 a 2014, a
movimentação de R$ 1,0 milhão de depósito à vista privado apresentou resposta
na eliminação de quatro empregos no comércio.
Conforme podemos verificar, não existe correção
entre as variáveis que apresentam evolução positiva com a movimentação do comércio,
o que orienta a nossa confirmação de que as medidas mitigatórias não foram devidamente
implementadas e o município amarga os resultados dos impactos negativos. A
riqueza gerada por todo esse período no município seguiu um fluxo de saída,
deixando a sociedade local literalmente a ver navios.
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