A trajetória do porto do Açu e seus reflexos
Segundo dados da Prumo Logística Global, a
movimentação de navios nos terminais do Porto do Açu, em São João da Barra, vem
sendo ampliada substancialmente.
Em 2014, ano que marcou o início do processo
de operação do porto, três navios movimentaram 240 mil toneladas de minério de ferro
em direção ao exterior. Em 2015, a movimentação contabilizou 195 embarcações,
em 2016 foram 966 embarcações e, só no primeiro trimestre de 2017, foi
contabilizado uma movimentação de 129 embarcações, entre graneleiros,
petroleiros, cargueiros e outras de apoio offshore ao setor petrolífero.
Já na ótica financeira, durante a fase de
construção do porto foi movimentado um volume de investimento da ordem de 7,6
bilhões, enquanto na fase de operação foi movimentado um investimento de R$5,4
bilhões, consolidando um total de R$13,0 bilhões de 2007 a 2016.
Nesse contexto de sucesso do empreendimento
privado, hoje podemos dizer que a sua instalação gerou externalidades negativas
profundas. A desnecessária e perturbadora desapropriação de terras dos
produtores rurais está sendo questionada na justiça e o governante da época e o
empresário beneficiado, estão na cadeia. Os reflexos ambientais estão presentes
nas lagoas e no subsolo salinizado, enquanto os reflexos sociais podem ser
vistos no avanço da violência, na deficiência dos serviços de saúde, educação e
moradia.
Enquanto esse quadro perverso aprofunda, as
externalidades positivas fogem das mãos da população nativa. As vagas de
emprego são ocupadas por trabalhadores de outras regiões, o fornecimento de
insumos é feito por empresas de fora no município, o executivo não tributa
corretamente os serviços executados no âmbito do porto e o comércio afunda em
um ambiente de geração de riqueza. Um mundo de contradições!
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