A reflexão sobre o desenvolvimento da região Norte Fluminense precisa dar um passo a frente
A economia da região Norte Fluminense tem sido
discutida, já a algum tempo, a luz de fundamentos modernos, entretanto com uma
visão tradicional que parece inibir as possibilidades de avanço. Como exemplo, o
consenso sobre a necessidade do uso de novas tecnologias para a revitalização do
setor agrícola (cana-de-açúcar), tais como, máquinas colheitadeiras, drones, e
outros equipamentos. Paralelamente, elementos como a pesquisa de novas plantas e
alternativas de financiamento também são considerados como importantes, porém
são insuficientes.
As lideranças pecam quando ignoram as
tecnologias de gestão e a natureza do problema do subdesenvolvimento da região.
O problema é multidisciplinar, exigindo um conjunto de conhecimentos que
possibilite uma visão sistêmica e possibilidades reais de formulação de
políticas públicas para êxito do setor.
De forma direta, as condições espaciais, na
visão tradicional, são incompatíveis com o uso de novas tecnologias. O
pensamento é microeconômico, ou seja, pequenas propriedades produzindo
individualmente com baixa produtividade. Nesses casos os custos de transação
são extremamente altos, já que os fornecedores são grandes empresas
oligopolizadas com alto padrão tecnológico. Na outra ponta, os clientes são
mais organizados e detém mais informações sobre o mercado, desfavorecendo o
produtor. Vejam que o produtor fica imprensado pelo fornecedor que dita preço
do insumo e implementos e do cliente, que por ter mais informações, dita o
preço final do produto. Isso é trágico para o setor!
A consideração de tecnologias de gestão pode representar
a solução para o problema. Isso quer dizer, obter
bons diagnósticos sobre o território, envolvendo os recursos potenciais tangíveis
e intangíveis; planejar a produção com
base na ação coletiva, onde se faz necessário a construção de um modelo de
governança; implementar o modelo de
governança em conjunto com uma metodologia social para a integração
comprometida dos agentes e atores; coordenar
e controlar o processo de operação produtiva. O modelo proposto tem formato
de uma rede de proteção aos pequenos produtores, agindo na redução dos custos
de transação, dando eficiência aos processos de produção, gerando escala
territorial, possibilitando melhor posicionamento competitivo e ampliando as
margens de lucro em uma visão mesoecônomica.
Insistimos que a discussão que coloca o setor
como uma alternativa econômica pós petróleo, não sairá do discurso se não considerar
as tecnologias de gestão. Um passo à frente na discussão sobre o processo de
desenvolvimento regional exitoso, passa pela observação desses fatores.
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