Refletindo sobre as ações de apoio ao setor sucroalcooleiro em Campos dos Goytacazes
O fundo financeiro, criado pelo município de Campos dos Goytacazes, para apoiar o setor sucroalcooleiro é importante. Entretanto, é essencial que os agentes locais tenham um melhor entendimento sobre novas estratégias de organização produtiva, mais adequadas à realidade local. O Laboratório de Engenharia de Produção da UENF tem estudado o processo de decadência econômica do setor e indicações fortes sobre o papel do capital intangível, têm se acentuado. Está muito claro que somente a combinação de variáveis econômicas materiais são insuficientes para solucionar os problemas que afligem o setor, já que o sistema se compõe de pequenas propriedades agrícolas com escala insuficiente, altos custos operacionais e baixa produtividade. Essa combinação associada às dificuldades do parque fabril, dificilmente permite inserção no corrente sistema de acumulação capitalista, onde predominam a alta escala de produção, grandes investimentos e alta produtividade, a exemplo de regiões como: São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Góias. A literatura econômica tem indicado uma organização produtiva diferenciada para situações semelhantes a do Norte Fluminense. Neste caso, a integração do capital intangível ao capital tangível tem possibilitado uma melhor inserção ao sistema capitalista. Efetivamente, antes de disponibilizar recursos financeiros é necessário tratar o ambiente sócio-cultural, de forma a possibilitar um processo de melhoria no tecido social. Este sim, poderá induzir à necessária cooperação e reciprocidade entre os atores locais, elementos fundamentais para o aumento da escala, da produtividade e da competitividade, cujo fundamento de base é a ação coletiva. A organização da COAGRO pode ajudar nessa reflexão.
Professor, sempre me pergunto, porque insistimos tanto em cana?
ResponderExcluirTemos muita terra. Muita água boa. E mercado em crescimento.
Porque não investimos numa agricultura mais intensiva, com mais tecnologia, renda e empregos?
Vítor Cunha - Quissamã
Vitor, penso que o problema não é a atividade econômica em si e sim a organização da atividade. Qualquer ramo, especialmente no setor agropecuário, pelas caracteríscas de nossa região, é essencial discutir o tipo de organização produtiva. As propriedades individualmente são pequenas e não permitem escala para atender o mercado. Associado a essa dificuldade, os proprietários apresentam deficiências gerenciais,financeiras e tecnológicas. Nesse caso, a saida está na cooperação e na capacitação setorial em torno do processo de agregação de valor aos produtos. O leite precisa ser transformado em queijos, doces, etc. A cana precisa ser transformada em açúcar mascavo, cachaças finas,dentre outros produtos para atender nichos específicos de mercado, gerando trabalho e renda na região. É claro que estratégias dessa natureza exigem alto conhecimento. O improviso não resolve.
ResponderExcluirVitor muito obrigado pela intervenção, um grande abraço de Alcimar Chagas
Obrigado pelo retorno, professor.
ResponderExcluirA fruticultura e a olericultura também parecem interessantes para as pequenas propriedades. A grande dificuldade parece ser a comercialização; planejar e organizar a produção visando atender as necessidades do mercado consumidor...
Abraços
Vítor
É verdade Vitor. A organização da atividade, de forma sistêmica, permite solucionar os problemas citados por você. Abraços, Alcimar
ResponderExcluirOi, professor
ResponderExcluirCreio que o caminho para nossa região, dada a sua especificidade, como o senhor comentou acima, perpassa pelo investimento na agricultura familiar abrindo setores para a absorção de seus produtos através da merenda escolar e outros tipos de incentivos locais, como se tem visto em outras regiões. Mas acima de tudo é preciso trabalhar para formar um capital social,pois sem ele é muito difícil as coisas darem certo.
Um abraço,
Dilcéa Smiderle
É verdade Dilcéa,a Lei da merenda escolar abre uma grande oportunidade para o inicio de um processo de organização produtiva, baseada na ação coletiva. Neste caso, a indução a construção de capital social é essencial, já que a governança adequada para viabilizar atividades econômicas de pequeno porte depende, fundamentalmente, da interação entre os diversos atores interessados no espaço socioeconômico.
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