Porto do Açu: mais apoio ao mais forte.......

A divulgação sobre a aprovação de financiamento no valor de R$2,7 bilhões, pelo fundo de Marinha Mercante, para o estaleiro da OSX em São João da Barra ratifica a forte distorção relativa à distribuição de forças no território compreendido pelo complexo portuário do Açu. O agente econômico “empresa”, cujo objetivo é o lucro nos negócios, consegue apoio externo irrestrito em suas estratégias gerenciais; o Setor Público, que deveria garantir a defesa da sociedade, incorpora o discurso da empresa, ou seja, assume como estratégia a propaganda sobre um futuro de bem estar garantido, enquanto a sociedade fica sem voz nesse contexto.

Conseqüentemente, mantido este quadro perverso, a mesma sociedade passa a experimentar dificuldades acentuadas, tais como: perda de propriedade em função do processo de desapropriação conduzida pelo Estado em favor do agente privado; perda do poder de compra em função da escalada inflacionária pela pressão de demanda sobre a oferta de bens e serviços, mais doenças em função da pressão populacional e ausência de investimentos em infraestrutura social, além do aprofundamento da miséria provocada pela ação conjunta dos problemas indicados.

Neste caso, o fortalecimento do Movimento Social Nossa São João da Barra é essencial para dar voz à sociedade excluída, buscando um melhor equilíbrio de forças. A idéia é que mantido o contexto atual, as relações democráticas fluam na condição, comparativamente, a um jogo de futebol, onde o arbitro não mede esforços para apoiar o time mais forte, o que acaba levando o time mais fraco a uma extrema derrota e humilhação ao final da partida. Porém, respeitando o papel da empresa e a liberdade de mercado, o recurso utilizado para os negócios privados representa um bem comum (o mar), portanto a sociedade precisa ser compensada de acordo com o processo evolutivo da geração de riqueza no território, o que representa um paradoxo a condição anterior.

Neste caso, democraticamente é injusta a relação de cooperação entre o poder público e a empresa, o que acaba concentrando força nesses grupos em detrimento da sociedade que na esteira do processo se fragiliza ainda mais, dado as debilidades históricas e culturais. Neste caso, não sobra outra alternativa, senão uma forte intervenção visando a constituição de grupos sociais organizados, em busca de um melhor equilíbrio de forças nesse espaço socioeconômico.

Comentários

  1. Professor, a parte da sociedade que ainda resiste está perdendo esperanças, pois cada dia que passa fica mais difícil de lidar com tantas injustiças, com politicagem da mais baixa possível e com boa parte da sociedade omissa em relação a tudo que vem ocorrendo. É desanimador e lamentável tudo isso!

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  2. Não desanime Denis, é necessário uma maior envolvimento,especialmente, das pessoas com maior nível de informação. A parcela da sociedade mais fragilizada não vai conseguir evoluir sozinha, dai a importancia desse esforço concentrado. Não existe outra alternativa para a nossa cidade, senão o avanço da sociedade civil organizada.

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