A difícil equação da combinação dos pilares do desenvolvimento econômico
O cenário econômico brasileiro da indústria de petróleo e gás acentua uma demanda urgente da Petrobrás por equipamentos essenciais para a exploração de petróleo no pré-sal. Tal condição esbarra na carência de fornecedores nacionais qualificados, em função do baixo padrão da mão-de-obra que é oriunda da desqualificação da educação. Um mergulho nesse quadro pode ajudar um melhor entendimento do ciclo de investimentos que afeta o estado do Rio de Janeiro, especialmente, a região Norte Fluminense.
Vale destacar a dificuldade de adaptação dos agentes econômicos, fundamentalmente o governo, frente aos processos de mudanças mais substanciais provocados pela inovação tecnológica. No período entre 1979 e 1983, ocorreu o fim do ciclo chamado “boom econômico”, onde o país contabilizou crescimento em torno de 8 a 10% do PIB ao ano e, posteriormente, o início da maior recessão já verificada, a qual materializou a chamada década perdida (anos oitenta).
Olhando especificamente o fim do ciclo do boom econômico, presenciava-se a robustez da construção naval do país com importância para o Rio de Janeiro e sua localização no entorno da baia de Guanabara. Com fortes investimentos financiados pelo Fundo da Marinha Mercante o setor atuava alimentando a indústria de petróleo, ainda em seus primeiros anos de exploração no pós - sal. As dificuldades observadas eram bem parecidas, já que a Petrobrás iniciava a sua trajetória frente a chamada terceirização de atividades, buscando parceiros para fornecimento de serviços considerados fora do escopo de seu objetivo fim. Essa estratégia esbarrou na debilidade de uma oferta adequada de mão-de-obra técnica, levando a empresa a muitas aventuras de desperdícios e grandes prejuízos coorporativos. Importante ainda observar que o fim deste ciclo de crescimento deixou marcas profundas no país e na grande região do Rio de Janeiro, tais como: pobreza acentuada, violência, degradação do meio ambiente, desorganização social com a divisão do poder com a indústria do tráfico de drogas, deterioração da alta estima da população, etc.
Estamos diante de um novo ciclo quase 35 anos depois, onde a discussão retorna no contexto de fortes mudanças que levam a mesma Petrobrás a um estagio mais sofisticado de produção, o pré-sal. Vejam que o problema retorna também, ou seja, estamos diante de uma situação clara de dependência tecnológica aos parceiros internacionais, debilidades dos fornecedores internos e fragilidade na base educacional responsável pela preparação do indivíduo para o trabalho. O nó está formado, confirmando que três décadas não foram suficientes para as adaptações necessárias.
A relação com o novo momento de grande transformação na região Norte Fluminense, cujo carro chefe é o complexo portuário do Açu, é que a sua viabilidade técnica e econômica já era conhecida há pelo menos quinze anos. No ano de 2000 o então secretário estadual de governo Wagner Victer apresentou em São João da Barra um projeto de US$ 100 milhões que teoricamente envolveria Petrobrás, empresa privadas e Governo do Estado, o qual não foi adiante. Conhecendo a trajetória econômica do Brasil e seus gargalos estruturais, a questão relacionada a portos se acentuava a cada ano e foi a chave que impulsionou a decisão sobre os investimentos atuais do porto do Açu e de Barra do Furado no consórcio Campos / Quissamã.
Podemos observar que o tempo também não foi suficiente para uma melhor preparação do ambiente regional frente a necessidade de mão-de-obra e outras necessidades. A fragilidade da estrutura pública e a debilitada estrutura educacional dificultam uma melhor absorção das externalidades positivas dos investimentos e não permitem a formulação de ações de proteção contra as externalidades negativas. Neste momento, vale a consideração de que as perspectivas sobre esse novo ciclo podem não ser tão otimistas quanto os discursos atuais, baseados somente nos estudos de impacto ambiental contratados pelo empreendedor. A história viva nos mostra os caminhos e seus espinhos.
Vale destacar a dificuldade de adaptação dos agentes econômicos, fundamentalmente o governo, frente aos processos de mudanças mais substanciais provocados pela inovação tecnológica. No período entre 1979 e 1983, ocorreu o fim do ciclo chamado “boom econômico”, onde o país contabilizou crescimento em torno de 8 a 10% do PIB ao ano e, posteriormente, o início da maior recessão já verificada, a qual materializou a chamada década perdida (anos oitenta).
Olhando especificamente o fim do ciclo do boom econômico, presenciava-se a robustez da construção naval do país com importância para o Rio de Janeiro e sua localização no entorno da baia de Guanabara. Com fortes investimentos financiados pelo Fundo da Marinha Mercante o setor atuava alimentando a indústria de petróleo, ainda em seus primeiros anos de exploração no pós - sal. As dificuldades observadas eram bem parecidas, já que a Petrobrás iniciava a sua trajetória frente a chamada terceirização de atividades, buscando parceiros para fornecimento de serviços considerados fora do escopo de seu objetivo fim. Essa estratégia esbarrou na debilidade de uma oferta adequada de mão-de-obra técnica, levando a empresa a muitas aventuras de desperdícios e grandes prejuízos coorporativos. Importante ainda observar que o fim deste ciclo de crescimento deixou marcas profundas no país e na grande região do Rio de Janeiro, tais como: pobreza acentuada, violência, degradação do meio ambiente, desorganização social com a divisão do poder com a indústria do tráfico de drogas, deterioração da alta estima da população, etc.
Estamos diante de um novo ciclo quase 35 anos depois, onde a discussão retorna no contexto de fortes mudanças que levam a mesma Petrobrás a um estagio mais sofisticado de produção, o pré-sal. Vejam que o problema retorna também, ou seja, estamos diante de uma situação clara de dependência tecnológica aos parceiros internacionais, debilidades dos fornecedores internos e fragilidade na base educacional responsável pela preparação do indivíduo para o trabalho. O nó está formado, confirmando que três décadas não foram suficientes para as adaptações necessárias.
A relação com o novo momento de grande transformação na região Norte Fluminense, cujo carro chefe é o complexo portuário do Açu, é que a sua viabilidade técnica e econômica já era conhecida há pelo menos quinze anos. No ano de 2000 o então secretário estadual de governo Wagner Victer apresentou em São João da Barra um projeto de US$ 100 milhões que teoricamente envolveria Petrobrás, empresa privadas e Governo do Estado, o qual não foi adiante. Conhecendo a trajetória econômica do Brasil e seus gargalos estruturais, a questão relacionada a portos se acentuava a cada ano e foi a chave que impulsionou a decisão sobre os investimentos atuais do porto do Açu e de Barra do Furado no consórcio Campos / Quissamã.
Podemos observar que o tempo também não foi suficiente para uma melhor preparação do ambiente regional frente a necessidade de mão-de-obra e outras necessidades. A fragilidade da estrutura pública e a debilitada estrutura educacional dificultam uma melhor absorção das externalidades positivas dos investimentos e não permitem a formulação de ações de proteção contra as externalidades negativas. Neste momento, vale a consideração de que as perspectivas sobre esse novo ciclo podem não ser tão otimistas quanto os discursos atuais, baseados somente nos estudos de impacto ambiental contratados pelo empreendedor. A história viva nos mostra os caminhos e seus espinhos.
Parabéns Alcimar !!!
ResponderExcluirMais uma excelente matéria para abrir nossos olhos.
Estou direcionando minha tese para a questão do conteúdo local e do desenvolvimento tecnológico nacional.
Vamos bater um papo.
Forte abraço !!!
Edson
Pois é, os recursos aumentaram, a arrecadação deu um salto, recordes atrás de recordes e o financiamento da educação básica é um fiasco, a nível superior melhoramos no que diz respeito ao a acesso, mas a qualidade dos formandos é questionável. Sabemos que para crescer temos que investir muito mais do que hoje é investido e não apenas para trabalhar na indústria, mas principalmente para termos uma sociedade mais pensante e crítica, cobrando melhores serviços e sabendo de suas responsabilidades. Li essa semana um artigo de um jornal Britânico dizendo que nossa economia voa igual uma galinha e por não fazermos o dever de casa dificilmente voaremos igual um falcão. Valem apena ver e refletir pois fala muitas verdades que a grande imprensa esconde e o governo não assume: http://g1.globo.com/platb/thaisheredia/2012/03/08/brasil-tem-economia-de-voo-de-galinha-diz-blog-do-ft/
ResponderExcluirPs. tem um dedinho de inveja, mas infelizmente a maior parte é a mais pura verdade.
Abs.
Meu amigo Edson, muito obrigado. Tudo bem por ai? Estou a sua disposição para conversar sobre o assunto. Grande abraço, Alcimar
ResponderExcluirOlá Denis, obrigado pela intervenção. No que diz respeito a educação em nossa região, gasta-se muito e mal. O resultado do acesso a educação superior é questionável, enquanto que o ensino fundamental não prepara o indivíduo segundo as exigências do mundo moderno. Pensar um modelo de educação articulado com o novo momento econômico é essencial. Abraços
ResponderExcluirOlá Alcimar, bom dia!
ResponderExcluirAlcimar o que tenho percebido é que em uma economia de mercado, como a adotada pelo Brasil, como a oferta é em função da demanda e o equilibrio nãoé alcançado quando se trata de uma demanda que requer da oferta um certo planejamento e tempo, que é o caso de uma qualificação profissional.
Abraços.