A estratégia de restruturação econômica da China e os reflexos para a economia brasileira
Matéria do Globo deste domingo mostra a consistente estratégia de internacionalização da economia chinesa. Na verdade, o forte processo de industrialização da China é dependente de matéria prima do exterior, especialmente, de países com recursos naturais abundantes. Neste caso, destacam-se os continentes da África e América Latina, com uma boa presença do Brasil que, segundo pesquisa não oficial, recebeu US$ 16,7 bilhões de investimentos diretos no período de 2009 / 2011, enquanto que as estatísticas oficiais registraram a entrada de US$ 3,0 bilhões no período 2005 / 2011. A diferença é porque as pesquisas oficias não captaram os ingressos indiretos através de Hong Kong e outros paraísos fiscais. É importante observar que a China está buscando fortemente uma maior independência dos países fornecedores de matéria prima como o Brasil, adquirindo, através de participação acionária, negócios nos setores de energia, mineração, metalurgia e siderurgia, além de recursos naturais em alguns casos subvalorizados por conta de crises econômicas. Segundo a mesma pesquisa, os investimentos da China no mundo já chegaram a US$ 300 bilhões.
Em que ponto a presente estratégia chinesa afeta o Brasil? Os indicadores do comércio exterior mostram que a China tem um papel preponderante na demanda externa brasileira, a qual se baseia, exatamente, na aquisição de matérias primas para a sua industrialização. Isso quer dizer que a busca da independência chinesa a essas matérias primas causa impactos sérios a economia brasileira. Porém, uma alternativa para o Brasil seria ampliar o investimento na geração de oferta de produtos com maior valor agregado, ampliando a sua capacidade competitiva junto às grandes nações, o que parece não ser tão simples, dado os indicadores de exportação por fator agregado.
Em que ponto a presente estratégia chinesa afeta o Brasil? Os indicadores do comércio exterior mostram que a China tem um papel preponderante na demanda externa brasileira, a qual se baseia, exatamente, na aquisição de matérias primas para a sua industrialização. Isso quer dizer que a busca da independência chinesa a essas matérias primas causa impactos sérios a economia brasileira. Porém, uma alternativa para o Brasil seria ampliar o investimento na geração de oferta de produtos com maior valor agregado, ampliando a sua capacidade competitiva junto às grandes nações, o que parece não ser tão simples, dado os indicadores de exportação por fator agregado.
Observando a participação percentual dos principais compradores na pauta de exportação brasileira, verifica-se que no período de 2006 a 2011 (em 2011 análise consiste no primeiro semestre), os Estados Unidos perdeu participação de forma acentuada. Em 2006 era o principal país comprador com uma participação de 18% na pauta, caindo para 9,9% em 2011.
Contrariamente, a China que ocupava o terceiro lugar em 2006 com 6,1% de participação, evoluiu para o primeiro lugar em 2011 com uma participação de 16,9% na pauta de exportação.
Na avaliação sobre o percentual da exportação por fator agregado, acentua-se a preocupação em relação a uma inserção qualitativa do Brasil no mercado global. O gráfico apresenta a trajetória de declínio da participação percentual da exportação dos produtos manufaturados, caindo de 54,3% em 2006 para 36,7% em 2011 e a trajetória ascendente da participação percentual da exportação dos produtos básicos. Em 2006 representava 29,3% subindo para 47,5% em 2011. Essa inversão representa um grande gargalo competitivo do Brasil e ratifica as futuras dificuldades, em função da estratégia chinesa.
Contrariamente, a China que ocupava o terceiro lugar em 2006 com 6,1% de participação, evoluiu para o primeiro lugar em 2011 com uma participação de 16,9% na pauta de exportação.
Na avaliação sobre o percentual da exportação por fator agregado, acentua-se a preocupação em relação a uma inserção qualitativa do Brasil no mercado global. O gráfico apresenta a trajetória de declínio da participação percentual da exportação dos produtos manufaturados, caindo de 54,3% em 2006 para 36,7% em 2011 e a trajetória ascendente da participação percentual da exportação dos produtos básicos. Em 2006 representava 29,3% subindo para 47,5% em 2011. Essa inversão representa um grande gargalo competitivo do Brasil e ratifica as futuras dificuldades, em função da estratégia chinesa.
Continuamos assim como a 500 anos atrás, vendemos matéria prima com baixo valor e compramos produtos com valor agregado. O exemplo mais recente são os carros chineses. Quantas toneladas de minério equivalem um carro? Ai agora vemos a china querendo "investir" no Brasil, com siderúrgicas e outros investimentos para tirarem nossos bens naturais e finitos e ainda lucrarem mais ainda com isso. Os países desenvolvidos pensam no futuro, já o Brasil só pensa no presente! Isso não é sustentável e já sabemos o que isso significa.
ResponderExcluirDenis, realmente é preocupante o nível de dependência do comércio exterior brasileiro à exportação de commodities. Economias com base em recursos naturais tem problemas de sustentabilidade. Por outro lado, a competitividade global exige um forte processo inovativo dos países, obrigando-os a produzir e vender no exterior produtos com maior valor agregado. Conforme vimos no artigo, o Brasil apresenta dificuldades nesse contexto, já que a participação dos produtos manufaturados é declinante, enquanto que a participação dos produtos básico é crescente.
ResponderExcluirOlá Alcimar e Denis!
ResponderExcluirGostaria de destacar aqui outras questões importantes no que diz respeito às estratégias chinesas. A crise nos EUA e Europa fará com que a China direcione cada vez mais suas vendas de manufaturados a América Latina. E se por um lado, teremos ainda mais produtos industrializados a preços reduzidos, não podemos esquecer da crescente dificuldade que nossas empresas terão em acompanhar o ritmo dos importados chineses. Além disso, justamente por sua grande competitividade os chineses poderão tomar parcelas cada vez maiores de nosso mercado nos países vizinhos, como Argentina e México.
É Tereza, o jogo de forças da competição industrial em um mercado global é bem complexo. Passa por questões internas e externas. Internamente, aspectos relativos ao custo Brasil (impostos e taxas elevadas, deficiências operacionais nos portos,transporte rodoviário problemático,forte burocracia pública, dificuldades com a produtividade do trabalho,desperdício público e privado de recuros,etc), potencializam os custos no interior da fábricas que somado a valorização do real,aniquila o poder competitivo do país no exterior. Por outro lado, no aspecto externo, a crise internacional exige ações no campo monetário com expansão substancial de dólares, cujo reflexo é a sua desvalorização, a qual facilita a exportação nesses países e encarece a importação, pressionando economias como a Brasil que sofre fortemente com esses problema. Há de se considerar ainda a própria fragilidade do setor industrial brasileiro, no que diz respeito a sua produtividade fruto da dificuldade em termos de inovação tecnológica.
ResponderExcluirCaro professor Alcimar, ótima reflexão. Afinal, a exemplo do movimento da Votorantim, que recentemente vendeu seu patrimônio e plantas de produção de papel para focar na celulose. Outras empresas, como a Cia Suzano, já sinalizam para o mesmo sentido. Portanto, outro setor que caminha nessa direção é o de Papel e Celulose, no qual o país havia alcançado uma competitividade significativa.
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