DESAFIOS REPUBLICANOS

Uma excelente reflexão do economista Ranulfo Vidigal

Cientistas sociais de diferentes matizes ideológicas tendem a afirmar que as sociedades com maior grau de felicidade são aquelas que enfatizam a igualdade, a solidariedade, a prestação de contas democrática, a sustentabilidade ambiental e as instituições públicas sólidas. Em recente artigo para um jornal de economia importante de nosso país, o economista Jeffrey Sachs afirma que um bom modelo de economia do desenvolvimento equilibrado deveria unir: “as políticas trabalhistas alemãs, a previdência social sueca, a energia de baixa emissão de gás carbônico francesa, a assistência médica canadense, a eficiência energética suíça, a curiosidade científica americana, os programas sociais antipobreza do Brasil e a felicidade tropical costarriquenha”.

O Brasil tem energia, petróleo, biodiversidade e é um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Uma nação de imensas potencialidades econômicas naturais – água farta e recursos minerais, mas que ainda convive com elevado índice de desigualdade de renda, urbanização caótica e um sistema educacional deficiente. A sociedade republicana pensada na Constituição Cidadã de 1988 planejava um país na direção do processo civilizatório, e para tal intento políticas públicas de qualidade em saúde e educação são básicas, na medida em que nivelam o ponto de partida de todos os cidadãos na busca por oportunidades. O crescimento econômico para gerar qualidade de vida necessita de políticas ativas no mercado de trabalho, incluindo estágios de aprendizado e amplos programas de treinamento profissional.

Segundo a Organização das Nações Unidas existem cinco megatendências globais que afetarão todos os países nos próximos vinte anos, a saber: crescimento populacional, urbanização, migração populacional e alimentação, mudanças climáticas e finalmente insegurança energética e de recursos hídricos.
Estes desafios se apresentam em um momento histórico de crise da democracia representativa, despolitização da sociedade, crise dos partidos e da representação parlamentar associada a um processo acelerado de descentralização do poder, com o surgimento de novos pólos na sociedade exercendo seu poder de pressão legítimo.
A experiência internacional nos mostra que as sociedades modernas promovem a igualdade, através de uma infra-estrutura social de qualidade. Transferir renda tão somente é insuficiente. Os pobres precisam, tanto de renda, quanto de oportunidades.

Ranulfo Vidigal – economista, mestre e doutorando em políticas públicas estratégias e desenvolvimento pelo Instituto de Economia da UFRJ

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