A ENCRUZILHADA DO CRESCIMENTO
Uma avaliação do economista Ranulfo Vidigal sobre a temática do crescimento econômico.
A questão crucial, específica do
campo da teoria do desenvolvimento econômico é tentar desvendar os motivos
pelas quais algumas nações no mundo contemporâneo são mais prósperas que
outras. Ou seja, é cada vez mais importante entender os fatores que explicam as
diferenças de renda e padrões de acumulação de capital nas economias ao redor
do mundo. Diversos autores associam este diferencial, ao papel exercido pelo
progresso técnico, na medida em que a alocação em inovação e criação de novas
idéias explica uma parte significativa das diferenças de níveis de crescimento
e bem estar entre as nações. Outra explicação para o crescimento diferenciado
dos países é o papel exercido pelas instituições. Estas, ao definirem as
“regras do jogo” na sociedade exerceriam um papel-chave na estruturação dos
incentivos necessários para as mudanças de caráter humano, do ambiente
político, social e econômico - fundamentais no processo de mudança estrutural
de uma sociedade pouco desenvolvida.
Junto com a questão cultural e
geográfica, as instituições moldam os incentivos para os atores da sociedade
capitalista exercendo forte influência sobre o ânimo dos agentes econômicos com
vistas ao investimento em capital físico, humano, organizacional e tecnológico
da produção de bens e serviços.
Analisando o comportamento
recente da economia brasileira e empregando a teoria do crescimento endógeno
desenvolvida pelo prêmio Nobel em economia Robert Solow, o acadêmico Samuel
Pessoa da FGV produziu um interessante exercício de decomposição do crescimento
econômico no Governo do presidente Lula, sob a ótica da curva de oferta de
fatores produtivos existentes na economia brasileira, ou seja, capital,
trabalho e tecnologia. Neste raciocínio, o estoque de capital seria constituído
pelo investimento em máquinas, equipamentos e infraestrutura.
Cruzando diferentes estatísticas,
o pesquisador concluiu que nos oito anos de Lula, o crescimento econômico se
acelerou para uma média anual em torno de quatro por cento. O fator trabalho contribuiu com 33 por cento
deste resultado, taxa semelhante à contribuição da melhoria técnica, contra uma
contribuição de 25 por cento do capital.
No Governo Dilma esta média de
crescimento econômico caiu à metade, como decorrência da crise internacional e
do arrocho das políticas fiscal e monetária da atual equipe econômica. Mudar
este quadro e voltar à trajetória anterior seria ainda possível?
Ranulfo Vidigal – economista,
mestre e doutorando em políticas públicas, estratégias e desenvolvimento pelo
Instituto de Economia da UFRJ.
Comentários
Postar um comentário