PERSPECTIVAS PARA 2013
Análise do economista Ranulfo Vidigal
Com o encerramento do processo eleitoral nos municípios, a definição da eleição americana e a chegada do final de mais um ano é importante avaliar as perspectivas econômicas para o Brasil no ano de 2013. Estaremos então, diante dos primeiros passos do ciclo político e econômico que pode influenciar a escolha presidencial em 2014.
Na Ásia, o capitalismo de estado chinês tende a suavizar seu crescimento econômico e no Brasil, especificamente, vivemos ainda tempos de desaceleração, em decorrência da baixa competitividade da indústria e da política monetária apertada, colocada em prática no ano de 2011. Mais recentemente, o Banco Central reorientou sua política, cortou os juros nominais em 525 pontos percentuais, permitiu um ajuste no câmbio de quase 30 por cento e reduziu o juro real pago aos credores da dívida interna para um nível pouco superior a 1,5 por cento ao ano. Contudo, se não houver uma expressiva recuperação do animo empresarial pelo risco e um forte crescimento do investimento publico, o próximo ano tende a apresentar uma taxa média de crescimento não muito superior a três por cento – um novo “vôo da galinha”.
Olhando o cenário externo, constata-se que o comportamento dos preços das matérias primas no mercado internacional revela estabilidade, ou leve declínio. Com isso, nosso saldo comercial é pequeno e o déficit da conta corrente do balanço de pagamentos já atinge cerca de 2,5 por cento do PIB. Nosso passivo externo líquido supera 800 bilhões de dólares, contra uma geração de dólares muito dependente da atração de recursos de investimentos. Já a taxa de câmbio, apesar do movimento recente, ainda é pouco competitiva. Face ao custo dos altos tributos e da infra estrutura econômica deficiente, e apesar da boa fase das matérias primas puxadas pela locomotiva chinesa, os graus de competitividade do produto industrial nacional é cada vez menor.
Sintetizando, o cenário externo é de crises conjuntas no campo social, financeiro e ambiental, enquanto no campo interno conviveremos com baixo crescimento, carência de investimentos, infra estrutura ruim e escassez de mão de obra de qualidade.
Embora o país viva uma fase qualificada pelo bônus demográfico, expectativa com o pré-sal e redução expressiva na desigualdade de renda os desafios persistem.
Ranulfo Vidigal – economista, mestre e doutorando em políticas públicas, estratégias e desenvolvimento pelo Instituto de Economia da UFRJ.
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