Caminho da Independência
Análise do economista Ranulfo Vidigal
Diante da correta atitude tomada pelo poder central de respeito aos contratos, manutenção da indenização petrolífera para estados e municípios produtores e vinculação das futuras receitas do pré-sal às políticas públicas de educação, devemos refletir sobre o momento atual, perspectivas e lições do episódio.
Primeiramente, é importante destacar o papel dos meios de comunicação e da união da classe política e empresarial, no processo de mobilização popular contra a perda de direitos consolidados para o nosso Estado e prefeituras. A “guerra” não terminou, mas a batalha vencida tranqüiliza os dirigentes e garante os orçamentos autorizados pelo poder legislativo, tanto dos Estados, quanto das municipalidades.
Sabemos todos que a economia do Rio, concentra cinco importantes complexos produtivos, a saber: petróleo e gás, ciência e tecnologia, saúde, construção civil e cultura, lazer e esportes.
Torna-se fundamental compreendermos o momento atual que vive o mercado mundial de energia – matéria prima crucial em qualquer expansão futura do processo de expansão capitalista no mundo ocidental. As recentes descobertas no Canadá, Estados Unidos, Golfo da Guiné na África, Mar Cáspio e Brasil, tendem a aumentar a oferta mundial de energias não renováveis e estabilizar o preço internacional do petróleo, na faixa estimada pela Agência Internacional de Energia, em torno de 80 dólares o barril.
Em termos conjunturais de curto prazo, a decisão econômica de maior importância virá do entendimento entre o presidente americano Barack Obama e o Congresso, em torno do déficit público da economia mais importante do mundo. Tudo leva a crer que a resolução dessa questão pode desacelerar a economia americana, ao longo de 2013. Por outro lado, a estagnação econômica européia e japonesa tende a forçar a economia chinesa a manter o ritmo de crescimento mais lento. Este conjunto de hipóteses representaria a perspectiva de um comportamento gravoso das matérias primas exportadas pelo Brasil, com preços cadentes ou estáveis.
Para o norte fluminense, em particular, a missão mais importante é desenvolver políticas de encadeamento dos setores industriais em processo de implantação, de modo a combinar crescimento econômico, com geração de empregos de qualidade e maior autonomia na obtenção de recursos fiscais, em relação às receitas finitas do petróleo.
Ranulfo Vidigal – economista, mestre e doutorando em políticas públicas, estratégias e desenvolvimento pelo Instituto de Economia da UFRJ.
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