Arte, Cultura e Festas Populares



Ranulfo Vidigal 
 
O poeta Ferreira Gullar, com sua genialidade afirma que a arte somente existe porque a vida não se basta. A escritora Daniela Castro, em artigo recente para uma importante revista de circulação nacional – Carta Capital - diz que: ”a arte joga com o inegociável da vida social. Ela desestabiliza o estabelecido, fricciona, negocia, destrói, revela, ilustra, enfim dialoga com a matriz ideológica que sustenta certa hegemonia de valores”.
Sabemos todos que há uma cultura letrada ou erudita, onde eu destacaria as óperas, as grandes peças teatrais e a música de grandes compositores como Mozart e Vila Lobos; uma cultura popular de cunho folclórico – onde destacam-se o carnaval e as festas juninas nordestinas,e ainda,  uma cultura de massa ou industrial que atinge várias classes, através do cinema criado em hollywood, ou através das redes de televisão. As duas últimas, na opinião dos especialistas tendem a crescer, pois estariam amparadas por aparelhos econômicos sólidos, ou seja, a universidade e o mercado cultural representado por empresas e pela mídia.
Normalmente, um ciclo de expansão desenvolvimentista, como o que estamos prevendo para a região norte-fluminense, com a chegada de plantas industriais e geração de novas oportunidades de emprego, estimula o fortalecimento da cultura de cada localidade atingida. Ações de cultura, de um modo geral, justificam-se por meio de dois eixos: ou o fortalecimento da economia criativa, ou o uso da cultura como instrumento de integração social das classes, ainda pouco incluídas no processo de geração e divisão do excedente econômico fomentado na dinâmica de cada sociedade.
Nossa cidade de Campos possui um numero expressivo de equipamentos culturais, como teatros, cinemas, casas de espetáculo e um dispêndio orçamentário com a atividade, bastante significativo, em comparação com outras cidades de igual porte. Aproveitando as facilidades da tecnologia digital e a extensão da fibra ótica pública, a cidade vai passar a contar com um cyber-café público em um futuro próximo. Neste ponto de encontro, além do acesso gratuito à internet banda larga, os cidadãos vão ter um espaço para encontros e debates sobre a realidade local.
Nossa cidade tão rica em atividades festivas tradicionais vai estudar, detalhadamente, sua cadeia produtiva da cultura, com o intuito de potencializar o surgimento de talentos locais, na música , no balé, na dança, no teatro e na literatura. Sartre dizia com  propriedade: “o homem não é outra coisa senão o que faz de si mesmo”. E ser livre é cultivar o saber, sem as amarras do preconceito. Nesta tarefa, a arte exerce um papel central de libertação e bem estar. 

Ranulfo Vidigal – economista, mestre  e doutorando em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento pelo Instituto de Economia da UFRJ.

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