O segredo do sucesso
Excelente reflexão do economista Ranulfo Vidigal
Uma das principais revistas de economia e
negócios do mundo capitalista - THE ECONOMIST – destaca em sua edição mais
recente a agenda reformista posta em prática nos países nórdicos (Suécia,
Dinamarca, Noruega e Finlândia) e seus bons resultados. Nestas nações predomina
um alto índice de desenvolvimento humano – IDH, excelente aproveitamento dos
talentos, renda bem distribuída, competitividade econômica e confiança nas
instituições públicas.
A Noruega é a primeira colocada nos
rankings internacionais de prosperidade econômica e desenvolvimento humano; a
Finlândia e a Dinamarca têm ótimos desempenhos no índice que mede a percepção
da corrupção. A Suécia é a segunda colocada no quesito desburocratização dos
pequenos negócios e na questão relativa à inovação tecnológica.
Trata-se de um exemplo de modelo de setor
público, cuja gestão resulta em uma máquina ágil e eficiente. Com auxílio da
tecnologia da informação, o desempenho de todas as escolas e hospitais é medido
e a plena transparência permite o acesso a todos os registros oficiais.
As lideranças políticas escandinavas andam
tranquilamente de bicicleta nas ruas de suas cidades, enquanto por aqui, nossos
dirigentes andam em carros luxuosos e segurança caríssima. Se a elite
desperdiça, o trabalhador brasileiro, de um modo geral é criativo, colaborador,
fiel, embora apresente alta tolerância para conviver com a informalidade.
O modelo daqueles países do norte da Europa
permite combinar capitalismo competitivo, com um poder público eficaz, que
emprega trinta por cento da força de trabalho. No Brasil, em média, o emprego
público representa cerca de dez por cento da força de trabalho contratada
formalmente. Somente municípios pequenos, ou com baixo dinamismo econômico
apresentam uma força de trabalho em proporção elevada empregada nos governos.
A poupança pública por lá não é
desperdiçada pagando juros astronômicos da dívida interna, como em nosso país,
mas é empregada na constituição de Fundos Soberanos que, aplicados
adequadamente, renderão dividendos no futuro para a sociedade com um todo. As
futuras reservas da produção petrolífera da camada pré-sal poderiam constituir
uma modalidade semelhante, com vistas à aplicação em projetos educacionais e
ambientais, por exemplo.
A principal lição está no entendimento de
que a popularidade dos dirigentes políticos daqueles países é decorrência da
boa gestão da coisa pública, de um Estado que embora custe caro, funciona
adequadamente e provê uma justa acessibilidade às políticas públicas
fundamentais para a qualidade de vida. Ao contrário de nosso país onde uma
família paga 40 por cento de sua renda em impostos e ainda tem que contratar
saúde privada e escola particular.
Ranulfo Vidigal – economista, mestre e
doutorando em
Políticas Públicas, estratégias e Desenvolvimento pelo
Instituto de Economia da UFRJ.
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