Renda Básica de Cidadania
Avaliação do economista Ranulfo Vidigal
Vivemos um período no mundo
de intensa transformação técnico-científica, com novos modos de vida humanos,
individuais e coletivos, bem como consumo de massa, acesso às mídias sociais e
novos comportamentos e modismos ditados pelos meios de comunicação, que definem
a subjetividade individual e coletiva. A prosperidade e a busca de novas
oportunidades é o objetivo mais importante da população jovem na sociedade, nos
dias atuais.
Nosso país, contudo, ainda
convive com forte desigualdade de renda e oportunidades. Embora reconheçamos a
mudança recente na direção de uma forte redução, tanto da pobreza, quanto da
indigência, o quadro de iniqüidades é ingrato e incômodo. Dotar os indivíduos
de ativos que lhe permitam aferir renda é a única saída para esta questão.
Segundo
o filósofo Aristóteles, a finalidade da política é a vida justa, aquela que
torna iguais aos desiguais. Entretanto, para se alcançar justiça política é
necessário realizar-se antes a justiça distributiva. Permitir uma chance a
todos, de acordo com suas potencialidades e de modo tal que possa atender suas
necessidades básicas.
A
repartição dos bens e riquezas em uma sociedade não se faz a partir da
quantidade de trabalho de cada um, mais a partir do aproveitamento da riqueza
social, ou seja, quem não trabalha também tem esse direito, principalmente
quando o motivo é o desemprego involuntário. Além disso, a paz interna de um a
sociedade exige que não haja miséria sem desigualdades profundas.
A
justiça distributiva, portanto deve tratar desigualmente os desiguais para tratá-los
iguais. Os bens materiais e espirituais de uma sociedade pertencem a todos. E
neste sentido, os que tem poder político e econômico são moralmente obrigados
pela filosofia cristã a proceder com justiça e sensatez perante a desigualdade
social, discernindo a necessidade de cada um e permitindo a oportunidade a
todos. É ilusório pensar que todos os pobres são potencialmente empreendedores,
ou seja, a porta de saída dos programas sociais precisa vir acompanhada de
crédito solidário, instrução e qualificação dos componentes das famílias
consideradas abaixo da linha de pobreza.
Uma
condição importante é a mudança estrutural da economia, com geração de empregos
de qualidade e salários adequados. Enquanto houver os sobrantes do mercado de
trabalho a renda mínima é fundamental.
Ranulfo
Vidigal – economista, mestre e doutorando em políticas públicas,estratégias e
desenvolvimento pelo Instituto de Economia da UFRJ.
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