O Sistema Bancário no Desenvolvimento: uma análise da Baixada Fluminense
Trabalho de mestrado do LEPROD-UENF, de
autoria de Claudio de Carvalho Marouvo, discutiu o papel da moeda no
desenvolvimento da região da Baixada Fluminense, considerando o aspecto da
preferência pela liquidez (motivação dos bancos para emprestar ou não
localmente).
Conforme tabela, no período de 2001/2005 o
crédito total cresceu 15,23% na Baixada Fluminense, impulsionando um
crescimento de 25,1% no PIB regional. A Capital como referencia viu o crédito
total cair 6,26% no mesmo período, acompanhado de um crescimento de 1,93% no
PIB, percentual bem inferior ao crescimento regional.
No período seguinte, o crédito total da
Baixada cresceu 124,7%, impulsionando um crescimento de 11,76% no PIB regional,
enquanto que a Capital registrou um crescimento de 75,58% no crédito total, impulsionando
um crescimento de 25,39% na geração de riqueza medida pelo PIB.
Período
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Crédito Total
Baixada (%)
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Crédito Total
Capital (%)
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PIB
Baixada (%)
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PIB
Capital (%)
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2001/2005
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15,23
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-6,26
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25,1
|
1,93
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2005/2009
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124,70
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75,58
|
11,76
|
25,39
|
Na tabela seguinte, observa-se
no primeiro período um crescimento de 33,6% do crédito na Baixada e um
crescimento de 10,95% no PIB, enquanto que na Capital, o crescimento de 12,74%
no crédito impulsionou um crescimento de 3,72% no PIB.
No período 2005/2009, as baixas taxas de juros possibilitaram um
crescimento de106,56% nos empréstimos e desconto na Baixada Fluminense e
134,71% na Capital, refletindo no crescimento de 23,14% no PIB da região e
27,71% no PIB da capital.
Período
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Empréstimo
e Desconto - Baixada (%)
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Empréstimo
e Desconto - Capital (%)
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PIB
(serviços) na Baixada (%)
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PIB
(serviços) na Capital (%)
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2001/2005
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33,60
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12,74
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10,95
|
3,72
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2005/2009
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106,56
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134,71
|
23,14
|
27,71
|
Assim, a moeda parece ter um papel relevante
no desenvolvimento, já que o PIB responde a indução, via maior disponibilidade
de crédito. Entretanto, o refinamento da análise através Shift-Share (método
que permite a decomposição de uma variável local, em relação à evolução da
média regional), apresenta resultados em desconformidade com os indicadores
anteriores.
Período
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Decomposição setorial pelo método
Shift-Share: Empréstimo na Baixada
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Decomposição setorial pelo método
Shift-Share: PIB na Baixada
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2001/2005
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19,76%
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5,73%
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2005/2009
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-26,42%
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-3,44%
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Nesta observação, a Baixada apresentou uma
vantagem relativa de 19,76% na operação de Empréstimo e Desconto e também uma
vantagem relativa no PIB (setor serviços) de 5,73% em relação a Capital, no
período de 2001/2005. A situação se inverte no período seguinte, onde a
vantagem relativa no crédito se torna negativa em 26,42% (tendo uma queda
absoluta de 46,18%), quanto a participação no PIB ocorre também uma queda relativa de 9,17%.
Neste caso, verifica-se que o crescimento percentual
do crédito e do PIB esconde, de fato, a ausência de crédito na região, já que
predomina a concentração creditícia na Capital, ratificando a tese
centro-periferia (fuga de capitais da periferia para o centro), fato que
inviabiliza a geração de rendimento crescente fora do centro. Assim, a ideia da
moeda endógena como elemento do desenvolvimento local/regional, passa pela
reestruturação de um novo modelo que combine a presença de novos mecanismos de
financiamento fora da intermediação financeira tradicional e um processo de
governança institucional, garantindo o fortalecimento do ambiente produtivo,
tanto para atrair melhores investimentos exógenos (externos), quanto para
fomentar investimentos endógenos, atendendo as demandas locais, no contexto das
cadeias produtivas.
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