Desafios do Porto do Açu e seus Reflexos Socioeconômicos
Pesquisa
do LEPROD/UENF sobre os desafios do Porto do Açu e seu reflexos
socioeconômicos, será apresentada na cidade do Porto em Portugal. A dissertação
investigou as reais possibilidades do território de influência direta do
Complexo Portuário do Açu (Campos dos Goytacazes e São João da Barra), de coordenar
um processo voltado para a ação coletiva, enquanto fundamento essencial para
assegurar desenvolvimento em um contexto de investimentos exógenos, no setor de
infraestrutura portuária. Questões relacionadas ao desenvolvimento como função
de arranjos institucionais, a percepção da existência e atuação desses arranjos
no território e o papel do governo na formulação de estratégicas para
fortalecimento da ação coletiva, foram debatidas com as lideranças das
organizações representativas do setor público e privado.
Os
resultados da pesquisa confirmaram um quadro já descoberto em pesquisa
anterior. Existe uma convergência de percepção entre as lideranças envolvidas
diretamente no processo, ou seja, órgãos de governo, representantes dos
empreendedores e entidades não governamentais de apoio (SEBRAE, FIRJAN, SENAI,
etc), que apresentam um discurso extremamente positivo em relação aos
investimentos privados, assim como os seus reflexos para o território. Com um
discurso divergente, se colocam do outro lado, pesquisadores que estudam o
processo de transformação, organizações sociais e representantes das classes de
trabalhadores sem vínculo com o governo.
Os
relatos otimistas do grupo que apresenta algum tipo de comprometimento com o
empreendimento, indicaram a importância de arranjos institucionais no processo
de desenvolvimento, mais ainda, a existência e a participação dessas entidades
no processo. Quanto ao governo, esse grupo confirma uma participação relevante
na definição de estratégias para o fortalecimento da ação coletiva.
Contrariamente, o segundo grupo faz a negação dos fatos e traça um quadro
desolador de concentração de riqueza e aprofundamento da pobreza, dado a não
inclusão da sociedade local no processo de transformação.
Complementarmente,
a nossa percepção é de que o ambiente sociocultural, do território em
avaliação, apresenta traços preocupantes. Está presente a cultura da alta
valorização do papel individual de cada entidade, existe uma grande dificuldade
de integração das mesmas ao processo de interesse coletivo, se acentua a
publicidade exagerada de ações pontuais sem compromisso com resultados, a
desinformação da sociedade e a proteção do governo favorece o descumprimento de
obrigações dos empreendedores. A nossa avaliação está rigidamente fundamentada
na leitura de elementos da "Economia Institucional", além da análise
de indicadores econômicos ao longo do período de construção do Porto Açu. Os
discursos otimistas são totalmente desconstruídos pelos indicadores da
conjuntura recente.
Como
contribuição, alertamos que a intervenção no "DNA" do território, a partir de ações indutivas à
mudança de comportamento, é essencial. As lideranças precisam encarar de frente
esta possibilidade, sem a qual, dificilmente o território evoluirá ao padrão de
desenvolvimento esperado.
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