Grandes Investimentos Transformam a Economia Local/Regional?

Os indicadores da conjuntura econômica recente, na Região Norte Fluminense, são contraditórios, quando associados a prática do discurso otimista e desfocado da ação efetiva planejada. Parece ser esta a cultura regional, cuja expectativa de desenvolvimento, acredita-se ser função de investimentos exógenos, especialmente, nas áreas de petróleo e infraestrutura portuária. Um grande equívoco é a não consideração do processo de intervenção endógena.

Passados seis anos de muitas divulgações sobre investimentos realizados e não realizados, neste caso, a usina termoelétrica e a siderúrgica, além da forte desaceleração da unidade de construção naval na retro área do porto do Açu, de efetivo tem-se o ingresso de R$3,5 bilhões de investimento privado no Açu, além de R$1,5 bilhão de gastos públicos no município sede no mesmo período.

A resposta, em termos de criação de vagas de emprego formal em São João da Barra, sede do empreendimento do Porto do Açu é sofrível. Foram criadas no período 2007 a 2013 (até julho) somente 1.782 novas vagas, as quais beneficiaram trabalhadores de outras regiões do país, fato confirmado no cruzamento de indicadores. Por exemplo, o comércio local conseguiu criar 184 novas vagas no nesse período, o que confirma a fragilidade da economia local.

Outro indicador da dinâmica econômica local, o Índice de Participação no ICMS, chegou a 0,489 em 2013, correspondente a movimentação efetiva de 2011. Este índice  é menor do que o índice 0,546 apurado em 2004, relativo ao ano de 2002. Ainda observamos que o índice atual de São João da Barra é menor do que os índices de São Francisco de Itabapoana e Quissamã.


A dinâmica econômica também pode ser avaliada pela movimentação do sistema bancário. Nesse caso específico, verifica-se também incompatibilidade nos saldos das operações bancárias de crédito e depósito avista do setor privado no município sede, quando se compara com outros municípios sem os benefícios correspondestes de investimentos exógenos. Em dezembro de 2012, o saldo de crédito em São João da Barra foi de R$56,5 milhões, enquanto São Fidélis realizou um saldo de R$124,8 milhões e São Francisco de Itabapoana R$79,2.  O saldo de depósitos a vista do setor privado em São João da Barra foi R$17,5 milhões, São Francisco de Itabapona R$13,2 milhões e São Fidélis R$12,2 milhões. Os indicadores mostram evidencias sobre a fragilidade do sistema econômico do município sede do Porto do Açu, já que não tem respondido ao ingresso de vultosas somas monetárias. Inclusive não consegue sequer se destacar na comparação com municípios não produtores de petróleo e sem investimentos correspondentes, como São Fidélis e São Francisco de Itabapoana. Desta forma, responder a estas questões é um desafio importante para os governantes e formuladores de políticas econômicas.

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