Projeto Minas-Rio atinge 88% do cronograma
JORNAL VALOR ECONÔMICO
Por Olívia
Alonso, Francisco Góes e Marcos de Moura e Souza | De São Paulo, do Rio e de
Belo Horizonte
Um dos principais projetos da anglo-sul-africana
Anglo American em todo o mundo, o Minas-Rio já recebeu investimentos de US$ 5,6
bilhões até o momento, 63% de uma previsão de US$ 8,8 bilhões, e está em suas
fases finais, quase totalmente construído. Do total, R$ 2,6 bilhões foram
contratados com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
segundo apurou o Valor. O restante têm saído do caixa do grupo
Anglo American e de outras instituições financeiras.
Com quatro anos de atraso em relação ao
cronograma inicial, o Minas-Rio terá seu primeiro embarque de minério de ferro
ainda neste ano, na expectativa da Anglo American. Após diversos contratempos,
o projeto estava 88% completo no fim de março, segundo informações obtidas com
exclusividade pelo Valor PRO, serviço de tempo real do Valor.
Esse status leva em conta o progresso
das obras, os suprimentos necessários, a pré-operação e o licenciamento
ambiental, segundo a companhia. Até o fim do ano, a Anglo espera concluir os
12% restantes.
Dividido em quatro partes, o projeto já
tem uma delas totalmente construída, que é o mineroduto de 525 km. Maior duto
de minério de ferro do mundo, o canal atravessa 32 municípios de Minas Gerais e
do Rio de Janeiro. Também compõem o mega-projeto a mina de ferro e uma planta
de beneficiamento, ambas em Conceição do Mato Dentro (MG), além de terminal no
porto do Açu, com uma unidade de filtragem de minério, que ficam em São João da
Barra (RJ).
A Anglo American afirma que finalizou a
construção da linha de transmissão de energia, de 230 kV e 187 torres, que em
2012 foi motivo de uma das três ações civis movidas contra o Minas-Rio. O
Ministério Público de MG pedia a suspensão da obra por seus danos à flora e à
fauna locais. As outras duas ações, do mesmo ano, estavam relacionadas com uma
caverna, o que exigiu que a empresa elevasse seu raio de proteção, e com obras
da mina, do beneficiamento e do mineroduto.
Ainda segundo o levantamento da Anglo,
a unidade de beneficiamento estava ao fim de março com 87% de avanço físico,
sendo 95% das obras civis completas e 78% da montagem eletromecânica
finalizada. O terminal de minério de ferro do Porto do Açu, por sua vez, estava
79% concluído, sendo que a unidade de filtragem está pronta, em fase de testes.
A partir do início das operações, a
empresa estima um período de aceleração ("ramp-up", no jargão
técnico) de 18 meses para que chegue à capacidade total de produção, de 26,5
milhões de toneladas/ano de minério de ferro.
Mas o início das operações ainda
depende da obtenção das licenças de operação (LO). No total, a companhia
precisa de quatro aprovações, uma para a mina e a unidade de beneficiamento,
uma para o mineroduto, uma para o terminal portuário e outra para a linha de
transmissão de energia.
Em novembro, a Anglo começou a
protocolar as solicitações de conversão das licenças de instalação em licenças
operacionais. Agora, depende de um conselho ambiental de Minas Gerais, do qual
faz parte a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
(Semad), que vai decidir sobre a mina e o beneficiamento, do Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), responsável por avaliar o mineroduto, e
pelo o Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea), que analisa o
porto.
Em Minas Gerais, a Semad tem seis meses
para emitir um parecer técnico deferindo ou não o pedido da empresa. Esse prazo
pode ser prorrogado por mais quatro meses, segundo informou a assessoria de
comunicação da secretaria. Posteriormente, um conselho cuja formação é dividida
entre representantes do governo e da sociedade, vai dar seu parecer final, que
será votado pela chamada unidade regional colegiada do Jequitinhonha, com
integrantes da Polícia Militar, Ministério Público do Estado, federações de
indústria, Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e outras entidades. (Colaborou
Fábio Pupo, de São Paulo)
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