Análise da evolução do emprego e renda em Campos - Macaé e São João da Barra
Os indicadores relativos a trajetória do
emprego formal e da renda do trabalho
assalariado em Campos, Macaé e São João da Barra, principais municípios do
Norte Fluminense, em termos de investimento privado, indicam um quadro
preocupante da economia regional.
Macaé concentra o emprego no setor de
serviços e construção civil, tendo em vista a sua condição de base das empresas
que operam no setor petrolífero na Bacia de Campos. Entretanto, o município tem
dificuldade em fomentar negócios em outros setores. A fragilidade do emprego no
comércio confirma a tese de que a riqueza gerada pelo petróleo não é
internalizada na proporção compatível com os investimentos no setor. Verifica-se
que até mesmo o emprego da atividade petrolífera vem se retraindo. O saldo
desacelerou 55,31% em 2012, com base no ano anterior e 22,89% em 2013 com base
em 2012. No primeiro quadriênio de 2014 o município eliminou 1.097 empregos. Complementarmente, a
renda média em torno de 8,5 salário mínimos mês nos anos de 2007 a 2009, caiu
para 7,7 e 7,2 salários mínimos nos anos de 2010 e 2011, alcançando 8,0
salários mínimos em 2012.
Já o emprego em Campos dos Goytacazes
apresenta uma distribuição mais equilibrada, porém não menos preocupante. O
setor agropecuário é importante, assim como os setores de serviço e construção
civil. Entretanto, a natureza sazonal é um problema, já que a atividade
sucroenergética é declinante e descontínua, enquanto a construção civil é
dependente do investimento público. Por sua vez o emprego no setor de serviços
tem baixo valor agregado e, em muitos casos, pode ser classificado como
trabalho não produtivo, segundo a concepção smithiana.
Com saldo de aproximadamente três mil empregos nos anos de 2010 e 2011, o
município eliminou 370 empregos em 2012, se recuperando em 2013 e 2014. A renda
média do trabalho se situou em torno de 2,5 salários mínimos no período
analisado, indicando uma condição de incompatibilidade com a estrutura de
riqueza, segundo o Produto Interno Bruto (PIB).
O emprego em São João da Barra é totalmente dependente
dos investimentos no porto do Açu. Após sofrer desaceleração do saldo em 2009 e
2010, por conta da crise americana no final de 2008, se recuperou em 2011,
voltando a desacelerar em 2012. A crise de confiança do grupo EBX em 2013, desmontou
a configuração inicial, eliminando 901 empregos no município. Já no primeiro
quadrimestre de 2014, após nova configuração do complexo portuário, o município
gerou 444 novas vagas de emprego. A renda média de 2,87 salários mínimos também
não apresenta um padrão de coerência com os investimentos no setor de infra
estrutura portuária que é a base do emprego local. Por outro lado, a baixa taxa
de emprego no comércio, indica fuga da riqueza gerada na fase de construção do
porto.
O gráfico apresenta a trajetória da renda em salários mínimos nos municípios selecionados.
A presente análise reforça a tese sobre a
importância do investimento endógeno. Também reforça a ideia de que é essencial a criação de negócios com raízes na cultura
local e relacionados com o conhecimento científico disponível. A postura
passiva diante dos grandes investimentos exógenos é um forte obstáculo ao
desenvolvimento, já que a sociedade local / regional não se beneficia das
externalidades positivas geradas e não cria alternativas, segundo as expertises
já cristalizadas. Ainda como penalização, internaliza as externalidades
negativas, materializadas no desemprego, especulação de toda sorte, miséria,
exclusão social e violência.
muito boa a leitura e esclarecimentos dos assuntos abordados.
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