Crise instaurada no Brasil afeta região pela dependência do petróleo

Jornal URURAU

Queda do preço do barril acarretou em demissões em massa e cortes no salário
 Ururau/Arquivo/Reprodução

Queda do preço do barril acarretou em demissões em massa e cortes no salário

Enquanto no Rio de Janeiro 50 mil trabalhadoresperderam emprego com o escândalo da Petrobras, nos municípios produtores da região Norte Fluminense como Campos, São João da Barra, Macaé, Quissamã e Carapebus, a crise na indústria petrolífera mediante a queda do preço do barril de petróleo, acarretou em demissões em massa e cortes no salário.
A perda de arrecadação com royalties e participações especiais com a produção de petróleo é hoje estimada em 2,6 bilhões. Já a queda com a arrecadação com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é estimado em cerca de R$ 2,4 bilhões. Só aí são R$ 5 bilhões que se somam às dívidas e às dificuldades de buscar alternativas de receitas.
De acordo com o economista, mestre e doutor em Engenharia de Produção, Alcimar das Chagas Ribeiro, a crise instaurada no Brasil afeta fortemente a região pela dependência do petróleo.
“O primeiro ponto da crise é inerente a própria corrupção, é o que está acontecendo com o Rio, onde várias empresas que tinham contratos com a Petrobras foram forçadas a demitir seus funcionários e isso evoluiu para uma série de desempregos nos últimos meses. O outro ponto da crise é oriunda dos royalties e é nesse sentido que entra a nossa região, pois com a queda do barril, as receitas dos municípios dependentes do petróleo começaram a sofrer fortemente”, avaliou o economista.
Chagas revelou que a crise mediante dos orçamentos dos royalties e das participações especiais, é de médio prazo e não vai terminar logo, visto que, a Petrobras já teria declarado que irá reduzir seus investimentos em 30%, afetando com isso, toda a cadeia que é dependente da estatal.
Outra consideração é que o preço do barril de petróleo vem despencando gradativamente nos últimos meses, cerca de 50%, tendo em vista que em julho do ano passado o barril custava em torno de US$ 115 e hoje não chega aos US$ 50.
“Essa crise é internacional e enquanto tiver uma oferta grande de petróleo no mundo, os preços do barril continuarão em baixa. A expectativa é de que dois ou três anos os preços do petróleo não se recupere, isso é ruim pra gente porque somos exportadores e se o preço está baixo, então nossa receita é menor”, pontuou o professor esclarecendo que 82% do petróleo produzido no Brasil está na Bacia de Campos e em decorrência disso, o Rio recebe royalties e participações especiais.
RIO DE JANEIRO EM CRISE
Para o professor e engenheiro, Roberto Moraes, a situação orçamentária e fiscal do Estado do Rio de Janeiro é complicada. Segundo ele, são muitas dívidas e cortar os investimentos não é suficiente. Além disso, o quadro de pessoal do estado é o que compromete o menor percentual do orçamento entre todos os 27 estados da federação. 
O caso é ainda mais complicado porque não apenas o setor de petróleo, mas, a tríade petróleo-porto-indústria naval, com forte base na economia fluminense, acabam afetados. Foi o que aconteceu no início de fevereiro, quando cerca de 400 trabalhadores metalúrgicos do consórcio Integra, que presta serviços ao Complexo Portuário do Açu, em São João da Barra (SJB), foram demitidos. 
A Integra, que chegou a ter 700 funcionários e hoje trabalha com 100, abrange a antiga OSX e a Mendes Júnior, citada no esquema do mensalão.
“Uma das poucas distinções entre o estado e as prefeituras é que as últimas não possuem o peso das extraordinárias dívidas do governo estadual, embora esse possua alternativas de gerar receitas que os municípios não têm às mãos. É tempo de reconhecer o que significa ter e viver numa economia tão impactada globalmente e por manipulações geopolíticas. No mínimo devemos aprender a interpretar as questões estruturais, quase sempre vinculadas ao ‘andar superior’”, analisou Roberto Moraes.
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