Uma visão sobre a crise orçamentária dos municípios da rota do petróleo
O
quadro de instabilidade fiscal nos municípios produtores de petróleo da Bacia
de Campos tem raízes na crise financeira americana e seus desdobramentos na
Europa, Ásia e América Latina. Realmente a economia mundial se fragilizou
afetando, de sobremaneira, os fundamentos econômicos no Brasil. Alguns
indicadores fundamentais ilustram bem essa situação. No ano de 2007 o saldo da
Balança Comercial alcançou US$ 40,0 bilhões, despencando para US$ -3,9 bilhões
em 2014. O saldo da geração de emprego formal em 2007 bateu 1,6 milhões de
vagas, desacelerando para o patamar de 152,7 mil em 2014. A inflação que
atingiu 4,46% em 2007 subiu para 6,41% em 2014, enquanto o resultado primário
do governo central que foi superavitário
em 2,77% em relação ao PIB em 2007,
inverteu em 2014 para um resultado deficitário
de 0,34% em relação ao PIB.
A afirmativa
inicial de que o problema instalado na região é função do quadro apresentado
confirma também a situação de total dependência financeira desses municípios às
transferência constitucionais. Ou seja, a autonomia financeira é muito
limitada. Se a conjuntura nacional e internacional
vai bem, os municípios se acomodam a situação e gastam sem critérios. Se a mesma
conjuntura vai mal, a culpa é externa ao ambiente, alguém provocou? A situação
não é bem assim!
As
transferências e, fundamentalmente, as rendas de petróleo, são finitas e,
portanto, devem ser utilizadas no fortalecimento da infraestrutura de
desenvolvimento socioeconômico dos municípios. Ou seja, na preparação do
município, considerando um contexto de longo prazo (saneamento, água, energia,
estradas, ciência e tecnologia, saúde, educação, habitação, estratégias de
indução a formação de novos negócios, sistema de informação e comunicação, qualificação
local para o processo de governança institucional, etc.). O fato da não
ocorrência dessas ações não isenta os governo de culpa. A acomodação dos
governantes aos transferências os torna parcialmente culpados pela crise
instalada em seus municípios. É essencial uma responsável execução
orçamentária, onde o padrão de investimento tenha um papel consistente. Os
gastos exagerados em custeio, prática comum em muitos municípios da rota do
petróleo, representam uma verdadeira aberração e um desrespeito as populações.
Enfim,
é necessário reconstruir alguns aspectos democráticos por essas bandas. A
condição de dependência da população as força políticas precisa se inverter, ou
seja, a população precisa ocupar o seu lugar de empoderamento e ditar as
normas. Os políticos devem seguir as diretrizes definidas pelas sociedade e não
o contrário. Entendamos esse processo!
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