O DEBATE PARTIDARIZADO ESCONDE OS PROBLEMAS DO BRASIL
A
partidarização no contexto das discussões sobre a crise política e econômica do
país, esconde elementos importantes que precisam ser realçados. Uma primeira
questão está no fato do governo ter ignorado a crise econômica internacional de
2008 nos Estados Unidos e seus reflexos na Europa nos anos seguintes. Os bons
fundamentos da economia brasileira (elevado nível de reservas, inflação baixa,
forte geração de emprego, equilíbrio das contas públicas, etc.), neste momento,
deveriam servir de munição para a formulação de estratégias de fortalecimento
da indústria, avanço tecnológico e rígido controle das contas públicas. O
governo fez exatamente o contrário. Manteve a dinâmica do fluxo de gasto em custeio,
não exerceu vigilância sobre as contas públicas, possibilitando avanço na
corrupção e, ainda, escolheu setores industriais para conceder desonerações
tributárias sem critérios razoáveis. No
período entre 2011 a 2014, o governo concedeu cerca de R$32 bilhões de desoneração
em IPI (Imposto sobre produtos industrializados). Os setores automotivos e de
linha branca foram os grandes beneficiados.
Apesar
de grande sangria das contas públicas, por conta das desonerações, o país não
melhorou a geração de empregos. Ao contrário, piorou. A tabela a seguir, mostra
a trajetória de declínio na geração de emprego no período entre 2011 a 2015.
Ano
|
Saldo de emprego
|
2011
|
1.566.043
|
2012
|
868.241
|
2013
|
730.687
|
2014
|
152.714
|
2015
|
-1.625.551
|
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego
Observem
que em 2011, o país gerou 1,5 milhão de novas vagas de emprego, enquanto em
2015 o país eliminou 1,6 milhão vagas de
emprego.
Juntamente
com o emprego, os outros fundamentos que eram positivos no momento da crise, se
deterioraram fortemente. A inflação foi elevada a dois dígitos, o saldo da
balança comercial desacelerou até ficar negativo e as contas públicas ficaram
deficitárias.
O
gráfico a seguir apresenta a evolução do resultado primário (receitas menos
despesas, fora juros), no período de 2006 a 2015
Fonte: Secretaria do
Tesouro Nacional
Observe
que a deterioração do resultado primário do governo central coincide com o
período das desonerações. Tal fato mostra os equívocos das políticas do governo
que, mesmo desestruturando as suas contas, não resolveu o problema da geração
de emprego e ainda detonou os outros fundamentos. É importante observar que
parte da Europa, assim como os Estados Unidos, conseguiram superar a fase mais
complexa da crise, enquanto o Brasil mergulhou em uma crise profunda, sem
perspectivas no médio prazo. Essa trajetória é importante para entender os
reais problema da economia do país.
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