OPERAÇÃO 2014
Ranulfo Vidigal
No ano de 2013, o foco central da agenda governamental
permanece de olho na economia e seus desdobramentos sobre a renda e o emprego,
como modalidade única na estratégia de inclusão social. Ao mesmo tempo surgem
as primeiras candidaturas alternativas para o pleito presidencial que se
avizinha. As plataformas liberais e conservadoras pregam um Estado mínimo,
enquanto os progressistas buscam um aprofundamento do Estado indutor do
desenvolvimento, com inclusão social e equilíbrio ambiental.
A lógica produtivista-consumista em vigor privilegia o
mercado, como mecanismo central do desenvolvimento das forças produtivas. Por
outro lado, embora o nosso sistema de proteção social tenha se expandido e o
salário mínimo nominal valha cerca de 350 dólares, a nação brasileira ainda
convive com níveis africanos de desigualdade social. Reportagem recentíssima de
uma importante revista de circulação nacional, baseada em pesquisa do IBGE
destaca que ainda somos “o país dos serviçais”. Diante deste quadro de
iniquidade, a elite dirigente brasileira não pode relegar a um plano secundário
a questão da desigualdade – um dos problemas centrais da nossa sociedade, cuja
história política revela uma intensa convivência com práticas escravagistas,
por parte dos donos do poder.
Por outro lado, embora tenha havido expressiva criação de
empregos formais nos anos recentes, os salários praticados no mercado de
trabalho continuam baixos e a maior parcela das novas colocações criadas surge
com uma remuneração, não superior a 1,5 salário mínimo.
Uma alternativa para reverter este quadro seria reduzir a
carga de impostos e universalizar o acesso à educação e saúde pública de
qualidade. Um ensino de excelência é uma lacuna a ser preenchida, na medida em
que permitiria uma maior produtividade da força de trabalho brasileira.
Pesquisas nacionais e internacionais apontam para a necessidade de uma
capacitação constante, ao longo da vida permitindo uma maior sintonia das
dimensões social, cultural, econômica e ambiental, no sentido de formar um
estudante reflexivo, crítico e conectado às novas tecnologias da informação. No
campo específico da saúde, o envelhecimento da população e o crescimento das
despesas médicas no orçamento das famílias obriga os gestores das políticas
públicas a evitar a hiper-especialização e a formulação de sistemas mais
equitativos e sustentáveis ancorados na atenção primária e na figura do médico
clínico geral. São tarefas que exigem uma menor proporção de nosso orçamento
federal centrado no financiamento dos encargos da dívida. Uma questão política,
com certeza.
Ranulfo
Vidigal – economista, mestre e doutorando em políticas públicas estratégias e
desenvolvimento pelo Instituto de Economia da UFRJ.
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