O território como elemento dinâmico do desenvolvimento
Desde o inicio do século
passado as discussões sobre desenvolvimento local/regional acentua o fundamento
"Capital Social", conceitualmente representado por um conjunto de
elementos intangíveis que fazem parte do quotidiano das pessoas, tais como:
cooperação, orgulho de pertencer ao local, iniciativas coletiva, civismo, ética
e respeito.
Recentemente, Albagli (2004)
orientou sobre o fato da comunicação entre os indivíduos pertencentes a um
território, a partir de um processo cumulativo de troca de experiências, se
caracterizar como o principal atributo social na formação da territorialidade. Esta
territorialidade, por sua vez, representa uma poderosa estratégia de
organização para o processo de desenvolvimento local.
Baseado nesse contexto,
podemos resgatar num passado próximo um estado de territorialidade, onde o
comportamento das pessoas era bastante diferente. Podemos lembrar da função legislativa
sem remuneração, onde os homens de representatividade e de bons serviços
prestados no seu local, exerciam mandatos de vereadores motivados pelo bem
servir. Podemos lembrar também as manifestações culturais e religiosas
organizadas pela população que não media esforços em sua implementação. As
pessoas usavam tempo e recursos próprios ou captados de terceiros para manter
viva a sociedade, onde o governo passava despercebido. Existia, efetivamente,
uma sociedade onde as relação sociais eram consistentes, o senso de
pertencimento aguçado, forte percepção sobre a necessidade da ação coletiva, alto
padrão de respeito mútuo e civismo. Esse quadro materializava a existência de
"capital social", que para os mais antigos representava uma pratica
comum, uma cultura.
Todavia, na modernidade
globalizada, onde o processo concorrencial é excludente, essa estrutura de
capital social representa uma potencial estratégia para o desenvolvimento
local. Porém, como podemos verificar, o quadro que se apresenta é bem
diferente. Os aspectos já citados do capital social não são tão fáceis de se
encontrar. Aliás, no território representado pela região Norte Fluminense, não
seria exagero afirmar que são raros e, portanto, uma condição que inibe o
processo de evolução ao desenvolvimento. Conforme já discutimos, os
investimentos exógenos, por si só, não garantem desenvolvimento, sendo,
portanto, essencial a reconstrução de um certo padrão de capital social e a sua
utilização no processo de governança para o desenvolvimento. Assim, combinar ações
endógenas, a partir da organização social no território, com os investimentos
exógenos, pode caracterizar a estratégia fundamental para o desenvolvimento
local/regional.
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