Valor Econômico

"Essa discussão é importante para o país e interessa também a região Norte Fluminense, já que o porto do Açu em São João da Barra terá papel relevante na exportação de minério de ferro. Mais de 1/3 das exportações do Brasil seguem para o continente asiático. Devemos nos preocupar!"

15/08/2014 às 16h08 3

FMI: Brasil seria um dos menos atingidos por desaceleração da China

WASHINGTON  -  O Brasil seria um dos países menos atingidos da América Latina por uma queda do crescimento da China, segundo estudo divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Nas contas do relatório, um recuo de 1% do PIB chinês em relação ao cenário básico faria com que o PIB brasileiro ficasse 0,1% abaixo da tendência esperada, três anos depois do choque. Na média de 12 países latino-americanos exportadores de commodities, o impacto negativo seria de 0,4% a 0,5%.  
“O modelos sugerem uma queda acima da média do PIB para Honduras e Peru, de cerca de 0,9%. O Brasil, uma economia muito menos aberta, mostra uma resposta menor, de cerca de 0,1%”, diz o estudo do economista Bertrand Gruss. A questão é que a soma de exportações e importações brasileiras de bens e serviços é baixa - ficou em 28% do PIB em 2013, bem abaixo dos 117% do PIB de Honduras e dos 48% do PIB do Peru, segundo números do Banco Mundial. 
“Em geral, os resultados confirmam que um crescimento mais lento da China representam um risco chave de piora para os países latino-americanos exportadores de commodities”, diz o texto, ressaltando que os preços de produtos primários são um canal fundamental pelo qual um choque como esse afetaria a região. 
O relatório estima o efeito da desaceleração da China sobre o índice “líquido” de preços de commodities (NCPI, na sigla em inglês) dos países latino-americanos, um indicador que leva em conta as exportações e as importações de bens primários. Segundo o estudo, uma queda de 1% do PIB chinês em relação ao cenário básico diminuiria em cerca de 3% a média dos índices das economias da região. Em alguns casos, o impacto chegaria a 8%, mas o estudo não especifica quais são esses países. 
O estudo destaca que a relevância da China para os preços de commodities tende a refletir o seu peso grande e crescente na economia global, mas também o seu grande apetite por esses produtos. Citando um trabalho de 2012, Gruss nota que o consumo da China respondia por cerca de 20% da produção global de energia não renovável, por 23% no caso dos principais grãos e 40% dos metais básicos.
O relatório também conclui que, entre 2014 e 2019, os países latino-americanos deverão avançar a um ritmo bem menor do que nos anos de boom das commodities, mesmo que os preços desses produtos fiquem estáveis nos níveis de 2013. O desempenho também deve ser pior do que nos últimos dois anos. 
No caso do Brasil, que cresceu a uma média de 3,9% entre 2003 e 2011, um período de grande alta desses produtos, a expectativa é de expansão abaixo de 3% nos próximos cinco anos, se as cotações de commodities ficarem nos níveis de 2013. Para a média dos países latino-americanos, o crescimento entre 2014 e 2019 deverá ficar quase 1 ponto percentual inferior ao registrado em 2013 e 2012, e mais de 1,5 ponto a menos do que entre 2003 e 2011.
Previsões muito parecidas com essas, porém, já haviam aparecido no Panorama Econômico Regional para o Hemisfério Ocidental, divulgado pelo FMI em abril. As simulações do impacto de uma desaceleração da economia chinesa sobre os países latino-americanos não constavam daquele trabalho. Nota no começo do relatório de Gruss observa que o documento representa as visões do autor, não expressando necessariamente as do FMI ou de suas políticas. 


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