Inicio da Safra
Análise do economista Ranulfo Vidigal
Nossa região é produtora de uma importante
energia renovável, o etanol. Na safra que se inicia, o Norte Fluminense deve
produzir cem milhões de litros deste combustível movimentando uma parcela não
desprezível da frota de veículos do país. O Estado do Rio de Janeiro importa 80%
do etanol consumido. Portanto, existe campo para planejar a expansão desta
cultura em nosso município.
A cadeia produtiva do etanol vai do plantio
de cana de açúcar, até a fabricação de maquinas e equipamentos para atender às
novas usinas. Recentemente, nossa cidade ganhou uma unidade industrial em
Travessão e, proximamente, Quissamã vai ganhar uma destilaria com capacidade de
moagem para hum milhão e meio de toneladas anuais.
A crescente importância do etanol na matriz
energética brasileira coincide com o despertar dos movimentos ambientalistas na
Europa e Estados Unidos, exigindo um combustível mais limpo e, neste
particular, o nosso país desponta como um importante fornecedor
dessa energia limpa e renovável para o mundo.
Trata-se de um setor que emprega anualmente cinco
mil trabalhadores formais e gera um valor adicionado de quase trezentos milhões
de reais, mas sofre de um problema estrutural, ou seja, a baixa produtividade
da terra na nossa região, bem como a forte redução da área plantada.
Alias, não podemos desconsiderar a recente
bolha imobiliária vigente na região com a chegada do porto do Açu e suas implicações
sobre o uso do solo urbano e a
disponibilidade de terra para o plantio agrícola.
Para que a cana colhida em Campos e região tenha
maior lucratividade, pelo menos 20% do canavial tem que ser renovado anualmente,
caso contrário a plantação envelhece e a produção cai. A cana de açúcar chegou
ao Brasil Colônia em 1532, plantada em São Paulo, depois em Pernambuco e Bahia.
Atualmente o etanol brasileiro é reconhecido como o mais eficiente do mundo, e
junto com o açúcar todo o setor se expande através da plantação com métodos
modernos, mecanização das usinas e distribuição de produtos nos supermercados e
nos postos de gasolina.
Só a cooperação e a divisão do trabalho
permitem maior produtividade e progresso para toda nossa região.
RANULFO VIDIGAL –
economista, mestre e doutorando em políticas públicas, estratégias e desenvolvimento
pelo Instituto de Economia da UFRJ.
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