O Dilema das Políticas de Combate as Desigualdades Socioeconômicas
Tenho observado que
as discussões pertinentes ao combate às desigualdades socioeconômicas em
territórios mais fragilizados, tanto no campo da sociologia quanto da economia,
têm caminhado para o consenso onde a sociedade organizada representa o pilar
fundamental para que o processo obtenha êxito.
Nesse contexto,
especificamente na função econômica, surgem conceitos importantes como organização
da produção em rede, governança institucional para fortalecimento da ação
coletiva, participação qualificada do governo e indução à formação de
aglomerações produtivas; enquanto na função sociológica, os conceitos são de
redes de proteção social, empoderamento da sociedade sobre o governo, fortalecimento
da educação fundamental e garantias para o exercício da cidadania dos
indivíduos.
O presente consenso
é fruto do aprendizado na esteira do tempo, que acentuou as imperfeições do
mercado, no que diz respeito à garantia de melhor distribuição da riqueza,
assim como, na fragilidade do governo no papel de protetor da sociedade contra
as imperfeições do mercado. Neste caso, apesar do importante entendimento
consensual sobre o papel da sociedade organizada no combate às desigualdades
socioeconômicas, o processo não é automático e a solução para esse grave
problema ainda está distante.
Tomando como
exemplo o território da região Norte Fluminense, berço de importantes
investimentos na área petrolífera e de infraestrutura portuária, vemos a
fragilidade das estruturas sociais. As instituições são frágeis e gera um nível
elevado de desconfiança; as organizações não governamentais são pouco
representativas; é fraca a cultura de participação popular e predomina um forte
empoderamento das forças políticas sobre a sociedade. Esse contexto acaba
inibindo o avanço competitivo do sistema econômico que, por não poder avançar
segundo as leis do mercado, depende, fundamentalmente, de uma coordenação
institucional que é inexistente, em função da fragilidade do capital social no
território.
Como verificado
existe um grande gargalo estrutural, cuja solução passa por uma robusta
transformação sociocultural, onde a reestruturação do capital social tem um
papel essencial no combate às debilidades socioeconômicas regionais. Trata-se
de um processo de recondução cultural que exige tempo e comprometimento dos
agentes e atores interessados.
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