Crescente Desconforto
"Análise do economista Ranulfo Vidigal"
As principais instituições que assessoram os
bancos e financeiras brasileiras apontam um cenário externo de mudança, com
deterioração nos termos de troca da balança comercial com o exterior, menor
crescimento da economia chinesa e dólar forte, em decorrência da recuperação da
economia americana. Sinal amarelo, portanto, por aqui.
Historicamente todas as crises brasileiras
decorreram de um ambiente externo hostil. A exceção, foi à crise recente de
2008 onde a vulnerabilidade externa era baixa. Assim, Lula acelerou a inclusão
social e reduziu as desigualdades. Entretanto, este período virtuoso, não foi
aproveitado para construir a necessária mudança estrutural da economia
brasileira, na direção de uma indústria
inovadora, eficiente e competitiva.
Entre
1930 e 1980, a industrialização substitutiva de importações no Brasil, teve sempre
um forte papel estatal no planejamento e na industrialização, em associação com
o capital estrangeiro, de grande
participação no setor de bens duráveis, (no consumo de automóveis e
eletrodomésticos), e de bens de capital ( máquinas e equipamentos).
A projeção de uma taxa de cambio para os
próximos meses no patamar de R$2,10 (dois reais e dez centavos) não deve permitir
uma expressiva recuperação industrial, na medida em que o dólar ainda barato,
torna as importações atrativas. Isto, contudo, favorece ao controle da
inflação, crucial para a estabilidade política do governo.
A sensação de bem estar tende a tornar-se
menor, sempre que a velocidade do crescimento no emprego desacelera, (como
ocorre atualmente) ou quando o poder de compra dos salários é corroído pela
alta dos alimentos e serviços de primeira necessidade, como também ocorre
atualmente.
O baixo crescimento com a alta inflação, trás
a desigualdade que mata o desenvolvimento genuíno. Se a riqueza se concentra em
poucas mãos, a crise é inevitável, pois a polarização na renda reduz o
crescimento na geração de bens.
Nas ultimas três décadas o mundo tornou-se
cada vez rico e o Brasil deixou de ser um pais de elevadas taxas de crescimento.
Tal fato inclusive, reduziu o incremento da produtividade e manteve nossa distribuição de renda entre as mais injustas da
planeta.
Ranulfo Vidigal – mestre e doutorado em
politicas públicas, estratégia e desenvolvimento pelo Instituto de Economia da
UFRJ.
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