JUVENTUDE NAS RUAS
A efervescência dos movimentos populares nas
principais praças dos centros urbanos pelo Brasil, ou de brasileiros em cidades
importantes como Londres, Paris e Los Angeles, nos Estados Unidos nos leva a
refletir sobre o que tem acontecido em nosso país nos últimos dez anos, suas
implicações e seus desdobramentos. Em primeiro lugar, apesar dos inegáveis
avanços econômicos recentes, ainda somos uma sociedade com alta desigualdade de
renda e infraestrutura de má qualidade, que se reflete na baixa competitividade
de nossos produtos no exterior, de modo tal que, nossas exportações mantém-se
estagnadas em 1,7 % do total mundial, desde os anos 1980.
Neste contexto, voltamos a ser uma economia
de baixo crescimento econômico e a curva de geração de empregos formais está
inegavelmente com inflexão negativa, diante de uma conjuntura de mudanças dos
fundamentos da economia internacional. Isto já se reflete nos movimentos dos
preços relativos dos ativos financeiros, em escala planetária e. Em paralelo, a
China ao reduzir seu extraordinário ritmo de crescimento contém a vantagem
relativa que os países sul - americanos tinham até recentemente. Em outras
palavras, a janela de oportunidades que permitiu ao Brasil, acumular reservas
internacionais e promover políticas de inclusão e promoção do bem estar, com
recursos fiscais fartos acabou.
Seremos doravante uma economia, com piora em
nossas contas externas, refletindo-se em um aumento do dólar, pois os recursos
especulativos no mercado financeiro internacional estão voltando para a
economia mais segura do mundo – a americana. Por outro lado, os preços de
nossas principais matérias primas de exportação, como soja e minério de ferro
caem. Hoje setenta por cento de nossas exportações são matérias primas
alimentares e minerais. Tudo isso, como resultado da escassez de liquidez (dólares)
que já predomina no mundo financeiro. Nesta nova conjuntura, a inflação já está
se acelerando e o poder de compra dos salários das famílias está caindo.
Em linhas gerais, a sensação de bem estar reverte-se
rapidamente e os problemas de destinação dos recursos públicos escassos fica
patente. Senão vejamos, quando em uma cidade como São Paulo de grandes
engarrafamentos, ou no Rio de janeiro - onde dez por cento do gasto familiar é
com transporte público, os gestores de políticas públicas gastam bilhões com
estádios que só servirão para uma importante competição internacional - a Copa
do Mundo, a população observa e clama pelos seus direitos. Principalmente
aquele cidadão que paga altos impostos e constata com tristeza que sobram
gramados bem cuidados e faltam hospitais de qualidade. Por outro lado, com o
fortalecimento da internet e das redes sociais o controle das informações,
pelos meios de comunicação tradicionais, perde força de
modo rápido.
Em síntese, no mundo social, onde predomina
uma nova consciência da população jovem aparentemente “tudo que é sólido se
desmancha no ar”. Incluindo neste pacote o prestígio dos partidos, do Congresso
e consequentemente, ganha visibilidade o poder da mobilização social nas ruas e
esquinas de nosso Brasil.
Ranulfo
Vidigal – mestre e doutorando em políticas públicas, estratégias e
desenvolvimento pelo Instituto d Economia da UFRJ.
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