Politica econômica dirigida para grupos de interesse não garante competitividade industrial
Dilma anuncia
estímulos à indústria nesta quarta-feira
LAÍS
ALEGRETTI E NIVALDO SOUZA - O ESTADO DE S. PAULO
17 Junho 2014 | 21h 01
Objetivo é buscar uma aproximação com um dos setores mais críticos da
política econômica, cada vez mais atraído pelos candidatos de oposição
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff reúne nesta quarta-feira, 18, no
Palácio do Planalto, empresários de várias áreas para anunciar medidas de apoio
à indústria e tentar aproximação política com um dos setores mais críticos da
política econômica de seu governo, cada vez mais atraído pelos candidatos de
oposição Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
Na reunião do Fórum Nacional da Indústria, transferida da sede da
Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o Palácio do Planalto a pedido de
Dilma, a presidente deve atender parte das reivindicações feitas pelo setor
produtivo no fim de maio. E também sinalizar com medidas futuras, sugerindo um
eventual apoio à sua reeleição. É o terceiro encontro com empresários em um
mês.
Dilma deve anunciar alterações no chamado Refis, reduzindo o “pedágio”
para adesão ao programa de refinanciamento de dívidas fiscais, além de
comunicar a retomada do programa de devolução de parte dos impostos pagos por
exportadores (Reintegra), apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real
da Agência Estado.
A presidente também deve anunciar a extensão, até o fim de 2015, do
Programa de Sustentação de Investimentos (PSI), criado em 2009 para conter a
crise financeira global, que já desembolsou R$ 283 bilhões até abril deste ano
com juros subsidiados pelo Tesouro. Além de criar uma linha de financiamento à
renovação do parque fabril.
Parte dessas medidas entrariam em vigor somente em 2015, o que selaria
um pacto do governo com empresários satisfeitos. Há três semanas, Dilma
anunciou a manutenção da desoneração da folha de pagamentos para 56 setores, o
que deve custar R$ 21,6 bilhões neste ano.
A equipe do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ainda trabalhava na
tarde de ontem nos últimos detalhes das medidas. “Vão ser anunciadas amanhã
(hoje). Não posso adiantar nada. Ainda estamos elaborando as medidas”, disse ao
chegar ao Ministério da Fazenda, em Brasília.
No radar, está ainda o adiamento, e até a alteração, da chamada Norma
Reguladora 12, que elevou de 40 para 340 os itens obrigatórios de segurança
para fabricantes e usuários de maquinários novos e usados.
Seu impacto foi estimado em R$ 100 bilhões pela CNI nos segmentos
metalomecânico, plástico, construção civil e alimentício.
O governo prepara, segundo uma fonte envolvida nas discussões, uma
melhoria nas condições para adesão ao Refis. Os empresários querem reduzir a 5%
do valor da dívida a entrada única exigida para entrar no programa. Dilma
estava disposta a atender ao pedido, como informou o Estado no fim de maio. O
governo, entretanto, pode não ceder completamente na redução das alíquotas de
10% até R$ 1 milhão e 20% acima de R$ 1 milhão. Esses índices já foram
aprovados no Congresso. No fim de maio, Mantega informou que a Receita Federal
avaliaria o pedido.
Em 2013, o governo arrecadou R$ 21,8 bilhões com a reabertura do “Refis
da crise” e a renegociação de dívidas fiscais de bancos e multinacionais
brasileiras no exterior. Neste ano, outros R$ 12,5 bilhões do Refis devem
engordar os cofres públicos.
No Reintegra, o governo deve colocar como opção a ser acionada “quando
houver necessidade e espaço fiscal”, segundo a fonte. Nas condições anteriores,
o programa devolvia às empresas exportadoras 3% do faturamento com a exportação
de manufaturados. Em 2013, custou R$ 3 bilhões.
Agronegócio. Além do aumento, de 25% para 26%, na
mistura de etanol na gasolina (mais informações nesta página), o governo
prepara outras medidas para o setor sucroalcooleiro. Uma delas é a inclusão no
Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), orçado em R$ 25 bilhões
e disponível apenas a produtores de grãos, como milho e soja, que podem obter até
R$ 10 milhões a juros de 4,5% ao ano. O governo estuda também um reforço no
programa Inovar-Auto para incentivar as montadoras a melhorar o desempenho do
etanol. / COLABOROU MAURO ZANATTA.
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