Um modelo a ser seguido na região Norte Fluminense!
15/06/2014 09h00 - Atualizado em 15/06/2014
09h45
Turismo rural no ES gera renda e mantém cultura de imigrantes
Programa
Caminhos do Campo gera mais de dois mil empregos na região.
Propriedades ficam entorno da Pedra Azul, na região serrana do estado.
Propriedades ficam entorno da Pedra Azul, na região serrana do estado.
Do Globo Rural
As pequenas
propriedades da região central do Espírito Santo encontraram no
agroturismo a solução para melhorar a renda das famílias. O roteiro chamado de
Caminhos do Campo é cheio de novidades para quem deseja conhecer o jeito
simples do capixaba levar a vida.
O último
levantamento feito pelo Incaper registrou 500 famílias cadastradas no programa.
No conjunto, elas movimentam cerca de oito milhões de reais por mês. O programa
garante mais de dois mil empregos na região.
Fica no município
de Domingos Martins. A região foi colonizada pelos imigrantes italianos na
segunda metade do século dezenove. Nos restaurantes típicos pode-se provar a
comida caseira, com destaque para a polenta cozida ou frita na chapa. Tudo
produzido pelas mãos calejadas do povo local.
Além de comer e
beber a vontade, no local os visitantes podem pescar, colher frutas e provar os
produtos regionais: são vinhos, cachaças, queijos, presuntos, e doces de dar
água na boca. No final é bom dar uma paradinha para apreciar o sabor dos cafés
especiais uma marca registrada dessa região.
Além da beleza
da paisagem que encanta o turista, essa região central do Espírito Santo tem um
relevo e um clima que favorecem muito a produção dos cafés de alta qualidade.
Carlos Alberto Altoé colhe por ano, 450 sacas de café arábica. Com a chegada
dos turistas, Carlos e muitos produtores investiram no beneficiamento do café
para vender no sítio ou nas lojas da cidade.
Os grãos são
escolhidos a dedo. A máquina comprada recentemente torra cinco quilos de café a
cada quinze minutos. O restante do processo é manual. A mesma mão que plantou e
produziu o café, cumpre agora a função de embalar, pesar e comercializar o
produto.
Com a venda
direta, Carlos está conseguindo ganhar o dobro pela saca de café. “A gente
adquiriu conhecimento, visitações, cursos... A satisfação de colocar um produto
que a gente produz para o consumidor”, diz o agricultor.
Antes de
investir na compra dos equipamentos os produtores passaram por um
treinamento como explica Evair Vieira, presidente do Incaper, Instituto
Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural. “O agricultor tem
que estar treinado para ir na lavoura e pela cor, pelo tempo, pela umidade do
ar, saber se está no momento certo da colheita, para que ele não comprometa em
nenhuma fase, até na torrefação, aquilo que a natureza produziu, que é uma
raridade um café como esse”, diz.
Tudo isso foi
feito pensando em oferecer um produto de qualidade aos turistas que visitam a
região. Os sítios foram mapeados e incluídos na rota chamada de Caminhos do
Campo.
Os turistas
podem se hospedar nas posadas ou participar do dia a dia do campo, dormindo nos
sítios que oferecem esse serviço.
A família
Busato produz de tudo um pouco. Eles preparam canjica de milho triturado no
moinho de pedra, café torrado e moído na hora, e tem até o cantinho da cachaça,
produzida com as variedades de cana da região.
Tudo pode ser
comprado no local, menos os queijos parmesão e suíço, que são vendidos só por
encomenda. O prazo de entrega vai depender do tempo de maturação que se deseja.
Um parmesão bem curado, por exemplo, tem que descansar de oito meses a um ano.
Vendendo um
quilo de queijo a R$ 45, o agricultor Lúcio Buzato tem uma renda quatro vezes
maior que a venda do leite in natura. Ele diz que o sucesso não se deve a
receita que é padrão para esses queijos, mas sim ao capricho no preparo
artesanal e a qualidade do leite.
São dezoito
vacas das raças girolando e gercey tratadas com silagem de milho e
concentrado. A média anual do rebanho gira em torno de onze litros por vaca por
dia. Os queijos podem ser enviados pelo correio, mas muita gente prefere buscar
o produto no sítio.
A pioneira do
agroturismo nessa região foi a matriarca da família Buzato, dona Íria, que
faleceu há dez anos. Ela viu neste mercado uma oportunidade para melhorar a
renda das famílias e aproveitar o talento das mulheres na culinária e no
artesanato. Hoje quase todos os sítios da região têm algo a oferecer aos
turistas.
Entre as
atrações do município de Venda Nova do Imigrante está o socol, que é um
presunto maturado feito com o lombo do porco fresco. Os temperos são sal,
pimenta do reino e alho. Depois de embalado o presunto vai curar durante três
meses numa temperatura em torno de 19 graus no verão.
Carmen,
moradora da região, produz além do socol, sabonete de leite de cabra. As
embalagens são coloridas para marcar o perfume das ervas do campo que ela usa
na receita.
No sítio Penha
Azul, os turistas podem visitar a produção de morangos e provar os bolos,
geléias e compotas.
A família
Tonole vive num sítio de 40 hectares, onde a cultura principal é a uva. São
seis mil pés a maior parte uva de mesa, das variedades isabel e niágara. No
verão, época de colheita, o sítio chega a receber até 500 pessoas em um
domingo. Quem serve de guia são as netas do proprietário Felipe Tonole, que
comprou o sítio há mais de 50 anos. O cultivo não leva agrotóxico, por isso o
pessoal é convidado para provar e sentir a diferença de sabor entre elas.
A maior renda do sítio vem da venda da uva in natura, mas ainda sobra para
fazer suco e vinho tinto.
Além de
resgatar receitas antigas e manter viva a cultura local, o agroturismo está
criando novas oportunidades para filhos e netos dos imigrantes dessa região
serrana do Espírito Santo.
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