Análise do setor sucroalcooleiro fluminense

Em 4 de maio de 2009 a segunda postagem do blog economia norte fluminense fazia a seguinte análise sobre o setor sucroalcooleiro fluminense:
O setor sucroalcooleiro fluminense, apesar da evidente decadência, continua muito importante para a região norte fluminense. Segundo dados da CONAB (2008), em Castro e Ribeiro (2009), na safra de 2008 foram moidas 3,6 milhões de toneladas de cana. Este valor ficou abaixo da média estadual que é de 4,8 milhões de toneladas e representa 0,9% de toda cana da região sudeste. O artigo de Castro e Ribeiro (2009), indica que na safra de 2008 esta parte da cadeia produtiva operou com 10.000 fornecedores de cana, 10.000 trabalhadores, 6 usinas e uma distilaria, além de organizações de apoio como: universidades, sindicatos, associações e cooperativas.

Veja a análise atual do setor pelo engenheiro florestal e mestre em engenharia de produção, Rogério  Ribeiro de Castro da UENF.

"A moagem 2012/13 inicia-se no Norte Fluminense com a decretação de falência da Usina Sapucaia, que foi uma das mais importantes usinas da região e, segundo jornal local, teria setenta milhões de reais em dívidas.
Além desta má notícia, segundo o Levantamento de Safra (abril/2012) da CONAB, órgão do Ministério da Agricultura, para esta safra a área cultivada com cana-de-açúcar no Estado do Rio de Janeiro terá uma diminuição de 6%. A produtividade que já era a menor do Brasil cairá em 2,6%, representando uma produção de apenas 48,7 toneladas por hectare e, por último, teremos uma redução na produção global de cana passando de 2.065,51 milhões de toneladas para 1.891,0 ou queda de 8,4%.
Um dos problemas para recuperação do setor, além da conhecida falta de recursos, é a carência de grandes áreas disponíveis para o cultivo de cana com uso intensivo de tecnologia –  plantio, irrigação e colheita mecanizada entre outros. Nos municípios de Campos e São João da Barra já há especulação e elevação do preço de terras por conta do Porto do Açu. Com o aumento do preço da terra, eleva-se o custo de aquisição ou arrendamento de áreas para as três usinas restantes.
A proposta de criação de Condomínios Rurais, em que várias fazendas individuais seriam reunidas sem as cercas para facilitar a mecanização e aumentar a escala de produção, foi uma boa idéia que não conseguiu ser propagada, provavelmente, devido a fatores culturais próprios da nossa região.
A experiência exitosa da Coagro, uma cooperativa de fornecedores de cana que conseguiu recuperar a antiga Usina São José, poderia ser tentada na recuperação da Usina Santa Cruz e da já citada Sapucaia, mas pode-se questionar a viabilidade econômica de plantio de cana para pequenos produtores, em vista do preço pago pela tonelada de cana e pelo valor da terra.
Os pequenos produtores de cana, para não perder essa importante cultura agrícola já enraizada em nossa região, poderiam investir na produção própria de derivados da cana, como a cachaça, o açúcar mascavo e ainda o melado e a rapadura. Esses produtos possuem valor agregado mais elevado, se tornando uma opção mais rentável para o agricultor de pequeno porte.
A união e a cooperação destes pequenos produtores – agricultores familiares, assentados -, com apoio de instituições de fomento, ensino e pesquisa, poderia ser o embrião de uma nova organização produtiva, com intuito de preservar a cultura e criação de um pólo de derivados da cana, de alta qualidade e com respeito à natureza".

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