O sistema bancário como indutor do desenvolvimento local
É comum a discussão sobre desenvolvimento econômico
regional endógeno a partir da atividade produtiva de bens e serviços. Neste
caso, a organização das empresas em rede, a integração da produção no
território e a inovação são elementos essenciais.
Entretanto, a mesma discussão pode ocorrer
através de outra concepção. Trata-se da moeda endógena como fator de desenvolvimento
regional. Neste caso, a rede bancária entendendo que o sistema econômico local
é dinâmico e merecedor de confiança, direciona crédito para empurrar a produção
de bens e serviços. A endogenia se caracteriza pela ação induzida, planejada e
controlada internamente.
Nesse contexto, o conceito fundamental é o
postulado pós-keynesiano de preferência pela liquidez, no qual os bancos influenciam
o grau de desenvolvimento das regiões. Esses definem a quantidade de crédito
para investimento no sistema produtivo em função da preferência pela liquidez,
tanto dos bancos, quanto do público.
O índice de preferência pela liquidez dos bancos
representa o seu próprio interesse quanto à alocação de seus recursos. Os bancos
querem maximizar lucros e decide por maior ou menor liquidez, conforme o grau
de desenvolvimento e segurança oferecida por cada região. Neste caso, o
coeficiente de liquidez surge da equação depósitos a vista sobre operações de
crédito, o qual refletirá a medida com que os bancos gerenciam a sua
preferência pela liquidez, tornando seus ativos mais ou menos líquidos, segundo
a região em que operam. Neste caso, quanto maior o índice, maior a preferência
pela liquidez dos bancos, ou seja, menos empréstimos e mais dificuldades para a
atividade econômica real que precisa de investimentos
Assim, pode-se afirmar que regiões que
apresentam alta preferência pela liquidez costumam apresentar problemas de
crédito e, conseqüentemente, dificuldade para se desenvolver, já que os bancos
redirecionam seus recursos para regiões mais dinâmicas e ofereçam mais
confiança. Ocorre ai o fenômeno caracterizado como fuga dos recursos da
periferia para o centro mais desenvolvido.
Veja o caso de São João da Barra que, apesar de
sediar substanciais investimentos privados, apresenta o pior índice de liquidez
bancário, na comparação com Campos e São Francisco de Itabapoana. Neste caso,
claramente o sistema bancário indica baixa confiança no sistema econômico,
preferindo deslocar os recursos que, teoricamente, poderiam ser
disponibilizados como crédito local, para outros mercados mais dinâmicos e com
mais credibilidade. Esse indicador confirma um quadro econômico preocupante,
onde três pilares sobressaem: o volumoso orçamento do governo com forte
dependência de royalties de petróleo, os investimento privados puxados por
grandes que usam recursos naturais e a atividade doméstica que se
fragiliza.
Estamos diante de um grande problema!
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