Conjuntura do Estado do Rio de Janeiro
Análise do economista Ranulfo Vidigal
O desenvolvimento capitalista significa,
basicamente, expansão continuada da produção, ampliação do mercado e acumulação
de capital crescente. Nesse contexto, o novo mundo pós-crise tende a ser
intensivo em conhecimento e inovação, precisa ser mais eficiente na questão da
natureza, ou seja, produzir com baixo teor de carbono e, em paralelo, entender
que a sociedade organizada vai buscar o crescimento econômico com inclusão e
justiça social.
Uma das condições básicas para o
desenvolvimento econômico – a ampliação dos mercados tem necessariamente uma
natureza espacial. O Rio de Janeiro, por exemplo, tem sua trajetória
demográfica muito associada ao seu grau de urbanização, o que implica em forte
pressão pela qualidade dos serviços públicos. Entre 1940 e 2010, a economia
fluminense cresceu, em média 4,2%, abaixo da média brasileira. Em 1940, o Rio
tinha um PIB percapta 2,3 vezes maior do Brasil, enquanto em 2010 é de apenas
30% superior à média brasileira. Por outro lado, com o item energia ( petróleo,
gás, etanol e atômica) representando forte participação na formação do emprego
e da renda, a segunda unidade da federação brasileira precisa planejar seu futuro
próximo levando em consideração a modificação recente da equação energética
mundial, com a entrada no mercado do gás de xisto americano e o risco de
redução acentuada na cotações internacionais das commodities energéticas.
Na estrutura produtiva do Estado, o
agronegócio é fraco, e o setor que mais contribuiu para acumulação recente do
PIB foi a intermediação financeira, embora empregando pouco. O Rio apresenta um
ciclo industrial menos sincronizado com o ciclo nacional, e a renda petrolífera,
embora expressiva é preciosa e deve ser
poupada. O desempenho do Rio foi satisfatório nas décadas de 40 e 50, e muito
fraco entre 1940 e 2000. Na atualidade, a maior parcela do valor adicionado do
Rio é do setor de serviços industriais ou utilidade pública (eletricidade, gás
e água), comércio e construção civil. Em síntese, a estrutura econômica do
estado é, em boa medida, herança da forte urbanização. Outra observação
importante é a pequenísse participação da agropecuária, que se revela
preocupante. A composição do PIB fluminense tem quase 1% para a agricultura,
26% para a indústria e 73% para os serviços.
Os destaques do Rio são: a economia criativa,
comércio, finanças, pesquisa científica e tecnológica, turismo petróleo e gás, Indústria
metal-mecânica, petroquímica, canavieira, logística portuária e serviços. Na
onda de transformação espacial por que passa o Estado, estamos convivendo com
bolhas imobiliárias e reestruturações urbanas - características do novo ciclo
expansivo liderado pela industrialização do interior fluminense.
Ranulfo Vidigal – economista, mestre e
doutorando em políticas públicas, estratégias e desenvolvimento pelo Instituto
de Economia da UFRJ.
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